BLOGUE DA ESCOLA SANTA MÔNICA _ PELOTAS/RS

"Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra.

E te pergunta, sem interesse pela resposta.


Pobre ou terrível, que lhes deves:

'Trouxeste a chave?' "

(Carlos Drummond de Andrade. Procura da poesia)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Proposta de redação (alunos do 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio)

Você já fez alguma coisa que não gostaria que fizessem com você?
Bullying: respeito é bom e eu gosto.
(cartaz veiculado na internet)





"Cyberbullying: violência virtual

Por Patrícia Costa

Como se já não bastasse a violência que nos assola no mundo real, crescem os atos de violência no mundo virtual. A popularização da internet e do celular permite que estejamos conectados todo o tempo. O assédio constante por esses meios eletrônicos pode causar consequências terríveis. O caso mais célebre e recente foi a prisão da norte-americana Lori Drew. Ela foi condenada pela morte da jovem Megan Meier, de 13 anos, que cometeu suicídio depois de sofrer perseguição e agressões psicológicas frequentes pela internet.

Este é um exemplo típico do cyberbullying, uma variação do bullying, que anda crescendo na rede mundial de computadores. São ataques a uma pessoa cometidos por meios interativos como mensagens de texto, e-mails, sites de relacionamento e jogos. E que, pela frequência e violência, podem causar sérios danos psicológicos e sociais à vítima. Segundo uma pesquisa da Pew Research, 32% dos adolescentes americanos foram vítimas do cyberbullying em 2007.

Fenômeno brasileiro

No Brasil, esta prática também vem crescendo em ritmo acelerado. Para o advogado Alexandre Atheniense, presidente da Câmara de Tecnologia da Informação do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), isso acontece por conta de vários fatores: “Primeiro, há o crescimento dos novos dispositivos de comunicação de redes sociais, como os sites de relacionamento, blogs e fotoblogs, que se popularizaram muito, sobretudo entre os adolescentes. Em segundo lugar, não há uma orientação, nem das escolas nem dos pais, a respeito das responsabilidades de quem pratica o cyberbullying. Aliado a isso, ainda há a falsa sensação de impunidade propiciada por um suposto anonimato”.

Para quem pensa que os autores do cyberbullying são muito difíceis de ser apanhados, o advogado dá uma orientação. “É preciso guardar todas as provas dos ataques. E não existe anonimato total na internet. É possível tipificar essa conduta ilícita como um crime e submeter quem praticou a uma ação judicial. Essa ação pode ter duas linhas, uma criminal, que aplica a pena de punição prevista no código penal, e outra cível, que visa a reparação do dano.”

Crime virtual, castigo real

Para o especialista, que é professor de crimes eletrônicos, o cyberbullying pode e deve ser reprimido e punido. O que se discute hoje é a responsabilidade dos pais sobre os atos que seus filhos cometem na internet: “O que pode parecer uma brincadeira inocente é uma dor e cabeça para os pais, e pode se tornar um crime e causar sérias consequências”, alerta ele.

Um recente caso brasileiro ilustra isso. Em agosto de 2008, a Justiça de Rondônia condenou os pais de um grupo de alunos de uma escola particular a pagar uma indenização de R$ 15 mil por danos morais a um professor. Os alunos haviam criado uma comunidade no site de relacionamentos Orkut onde lançaram ofensas e fizeram ameaças ao professor.

Aliás, o Orkut é um dos ambientes que mais concentram casos de cyberbullying. E os professores são, geralmente, grandes alvos. Para Alexandre, a disseminação de calúnias, difamações e ofensas por meios eletrônicos pode ser até mais danosa do que o bullying, praticado principalmente no ambiente escolar. “É que esses meios, como internet e celular, garantem uma propagação muito rápida e global, pela velocidade da troca de material. É impossível saber também se todo o conteúdo ofensivo pode ser retirado da rede, pois ele pode ressurgir em qualquer outro ambiente virtual”.

Para ajudar no combate ao cyberbullying e a outras formas de violência virtual, Alexandre elaborou uma cartilha, disponível em seu blog, que recomenda, entre outras coisas, que os pais acompanhem o que seus filhos andam fazendo na web. “É preciso manter uma vigilância constante. Há uma crise de limites, é óbvio. Um aluno que cria uma página contra um professor se sente poderoso e acima de qualquer punição. As escolas também precisam discutir o papel das novas tecnologias e de como o seu uso inadequado pode causar danos sérios”, completa ele."

Extraído de Opinião e Notícia (
aqui), em 20/04/2009.

"Quando a escola vira um inferno

Por Patrícia Costa

A escola é um lugar seguro e saudável onde colocamos nossas crianças para estudar, crescer e se desenvolver como cidadãs. Na teoria. Porque, na prática, a história é bem diferente…

Uma pesquisa divulgada pela organização não-governamental Internacional Plan, que atua em 66 países em defesa dos direitos da infância, apontou que 70% dos 12 mil estudantes brasileiros disseram ter sido vítimas de violência escolar. Outros 84% desse total apontaram suas escolas como violentas.

E esse não é um fenômeno nacional. A pesquisa mostra que mais de um milhão de crianças em todo o mundo sofrem algum tipo de violência dentro da escola, desde castigos corporais até o bullying, um fenômeno caracterizado por atos intencionais de violência física e psicológica cometidos de forma frequente e repetida por um ou mais estudantes contra um outro, e que causa dor e humilhação a quem sofre.

Brincadeira violenta

“O bullying sempre existiu, não é um comportamento novo. Mas, nesta crise de valores em que vivemos, diminuiu o respeito pelo outro. Existe o bullying em todos os ambientes, não apenas na escola”, afirma Patrícia Lins e Silva, educadora que estuda o tema há vários anos.

Para ela, a família tem uma enorme responsabilidade pelos comportamentos dos filhos: “Faz parte da educação ensinar os filhos a serem solidários, a respeitarem o outro. O bullying não é ‘brincadeira de criança’. É uma atitude arrogante que pode permanecer por toda a vida”.

As consequências são graves, não só para as vítimas como para quem pratica o bullying. Segundo o estudo da International Plan, quem sofre os ataques perde o interesse pelo estudo e teme ir para a escola. Essas vítimas podem ter cinco vezes mais chances de sofrer de depressão e, em casos mais graves, correm mais risco de usar drogas e até de se matarem.

Já quem pratica o bullying geralmente é um líder na turma que gosta de colocar apelidos e humilhar os mais fracos. Ele também deve receber atenção psicológica pois, no futuro, pode manter esse comportamento intimidador e se tornar um praticante de assédio moral e pode até mesmo usar a violência e adotar ações criminosas para conseguir o que quer.

Conhecendo o problema

Patrícia Lins e Silva alerta que, dentro do ambiente escolar, todos os alunos de uma turma devem ser responsáveis pelos colegas. A escola deve criar essa idéia de respeito pela coletividade: “O grupo deve proteger o agredido e ajudar o agressor a compreender que o convívio exige respeito. Isso requer um trabalho quase diário de reflexão que deve ser orientado e estimulado pelos adultos responsáveis pela turma”.

Porém, muitas vezes é difícil identificar o bullying entre as brincadeiras inerentes à idade das crianças. Até porque geralmente as vítimas não revelam o problema. As escolas também costumam fingir que o bullying não existe — a ponto de a Justiça intervir, como ocorreu em Ceilância, no Distrito Federal. O Tribunal de Justiça determinou que uma escola particular pagasse R$ 3 mil de indenização à família de um ex-aluno de sete anos. Motivo? A escola não o protegeu das agressões que sofria constantemente dentro do ambiente escolar.

Por isso, diversos governos estão começando a tomar providências para enfrentar o bullying e outras formas de violência escolar. No Paraná, em Pernambuco e na Paraíba, por exemplo, governos e a Justiça promovem encontros, discussões e palestras, com elaboração de material educativo para ser distribuído nas escolas. O governo do estado de São Paulo também acaba de lançar uma cartilha sobre o bullying, que foi entregue em todas as suas 5.300 unidades escolares e nas 91 Diretorias Regionais de Ensino. A Secretaria de Educação quer ainda capacitar professores e coordenadores para atuarem na prevenção ao problema. No município do Rio de Janeiro, a Abrapia – Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência – foi uma das primeiras entidades a estudar o bullying nas escolas e implantou, a partir de 2003, um programa para reduzir a agressividade entre os alunos.

Já o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), da Fiocruz, está preparando um vídeo que servirá para levantar discussões sobre o bullying. Rosinalva Souza, pesquisadora-assistente do projeto, explica que o vídeo “Rompendo o Silêncio” não pretende dizer o que é certo e errado: “É uma forma de oferecer informação, para que educadores, pais, responsáveis, especialistas e os próprios adolescentes possam debater sobre o bullying nas escolas”. A opção pelo vídeo não foi gratuita: “A linguagem audiovisual oferece um melhor entendimento e tem um grande poder de condensar a informação que chega mais rapidamente ao jovem. Afinal, vivemos numa sociedade imagética”, explica a pesquisadora. A previsão é de que o material, que será oferecido primeiro às escolas públicas do Rio de Janeiro, esteja pronto até o final do ano.

O exemplo é o melhor

Para a educadora Patrícia Lins e Silva, todos os esforços que visem uma melhor qualidade da educação oferecida hoje são bem-vindos. No entanto, ela destaca que esse é um dever de todos. “Mudar esse quadro de violência escolar implica mobilizar todo o país numa ação vigorosa e duradoura, para que as próximas gerações tenham uma boa formação escolar. A violência dentro da escola é inadmissível”.

Por vivermos num mundo violento, acabamos repetindo um comportamento agressivo. Chefes descontam em subordinados, pais descontam em filhos, crianças descontam em amigos, e está formado o círculo pernicioso da violência. “Não podemos deixar de nos indignar. A escola e a família devem agir contra qualquer atitude que humilhe, machuque ou rejeite uma pessoa”. Só assim, segundo ela, poderemos acreditar num futuro melhor para todas as crianças brasileiras."

Extraído de Opinião e Notícia (aqui), em 07/04/2009.


"Reflexões sobre o bullying

"[...] Por não existir uma palavra na língua portuguesa capaz de expressar todas as situações de bullying possíveis, o quadro, a seguir, relaciona algumas ações que podem estar presentes: colocar apelidos; ofender; zoar; gozar; encarnar; sacanear; humilhar; discriminar; excluir; isolar; ignorar; intimidar; perseguir; assediar; aterrorizar; amedrontar; tiranizar; dominar; agredir; bater; chutar; empurrar; ferir; roubar; quebrar pertences.

E o bullying envolve muita gente?

A pesquisa mais extensa sobre bullying , realizada na Grã-Bretanha, registra que 37% dos alunos do primeiro grau e 10% do segundo grau admitem ter sofrido bullying, pelo menos, uma vez por semana.

O levantamento realizado pela ABRAPIA, em 2002, envolvendo 5875 estudantes de 5a a 8a séries, de onze escolas localizadas no município do Rio de Janeiro, revelou que 40,5% desses alunos admitiram ter estado diretamente envolvidos em atos de bullying, naquele ano, sendo 16,9% alvos, 10,9% alvos/autores e 12,7% autores de bullying.

Os meninos, com uma freqüência muito maior, estão mais envolvidos com o bullying, tanto como autores quanto como alvos. Já entre as meninas, embora com menor frequência, o bulliyng também ocorre e se caracteriza, principalmente, como prática de exclusão ou difamação.

Quais são as consequências do Bullying sobre o ambiente escolar?

Quando não há intervenções efetivas contra o bullying, o ambiente escolar torna-se totalmente contaminado. Todas as crianças, sem exceção, são afetadas negativamente, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo. Alguns alunos, que testemunham as situações de bullying, quando percebem que o comportamento agressivo não trás nenhuma conseqüência a quem o pratica, poderão achar por bem adotá-lo.

Alguns dos casos citados na imprensa, como o ocorrido na cidade de Taiúva, interior de São Paulo, no início de 2003, nos quais um ou mais alunos entraram armados na escola, atirando contra quem estivesse a sua frente, retratavam reações de crianças vítimas de bullying . Merecem destaque algumas reflexões sobre isso:

_ depois de muito sofrerem, esses alunos utilizaram a arma como instrumento de "superação” do poder que os subjugava.

_ seus alvos, em praticamente todos os casos, não eram os alunos que os agrediam ou intimidavam. Quando resolveram reagir, o fizeram contra todos da escola, pois todos teriam se omitido e ignorado seus sentimentos e sofrimento.

As medidas adotadas pela escola para o controle do bullying, se bem aplicadas e envolvendo toda a comunidade escolar, contribuirão positivamente para a formação de uma cultura de não violência na sociedade.

Quais são as consequências possíveis para os alvos?

As crianças que sofrem bullying, dependendo de suas características individuais e de suas relações com os meios em que vivem, em especial as famílias, poderão não superar, parcial ou totalmente, os traumas sofridos na escola. Poderão crescer com sentimentos negativos, especialmente com baixa auto-estima, tornando-se adultos com sérios problemas de relacionamento. Poderão assumir, também, um comportamento agressivo. Mais tarde poderão vir a sofrer ou a praticar o bullying no trabalho (Workplace bullying). Em casos extremos, alguns deles poderão tentar ou a cometer suicídio.

E para os autores?


Aqueles que praticam bullying contra seus colega poderão levar para a vida adulta o mesmo comportamento anti-social, adotando atitudes agressivas no seio familiar (violência doméstica) ou no ambiente de trabalho.


Estudos realizados em diversos países já sinalizam para a possibilidade de que autores de bullying na época da escola venham a se envolver, mais tarde, em atos de delinquência ou criminosos.

E quanto às testemunhas?

As testemunhas também se veem afetadas por esse ambiente de tensão, tornando-se inseguras e temerosas de que possam vir a se tornar as próximas vítimas."

Extraído de: ABRAPIA (
aqui)

Proposta de redação

O termo bully, da língua inglesa, significa "intimidar, ameaçar". Já bullying, expressão muito empregada atualmente, quer dizer "intimidando, ameaçando". No cotidiano _ não só escolar _, grande parte das crianças e jovens do mundo inteiro estão em frequente contato com desenhos, filmes, programas e jogos que se ancoram na violência como meio de entretenimento. Apesar da contradição violência/entretenimento, muitos delas/deles acabam reproduzindo o que veem e praticando o bullying. Com base nos textos acima e em outras informações pertinentes, posicionem-se, em um texto dissertativo-argumentativo (20 a 35 linhas), sobre a prática do bullying no ambiente escolar brasileiro.

Prazo de entrega: M1 e M2: 04/03/10; 2º Médio: 03/03/2010; 3º Médio: 08/03/10. Ao contrário do que expus em aula, vamos discutir os textos acima e elaborar um roteiro/plano de redação. Vocês deverão, portanto ler, identificar as principais informações dos textos, refletir sobre o seu posicionamento acerca da proposta e anotar, em forma de tópicos, suas observações. A discussão em sala de aula, entendo, confrontando suas ideias com as dos colegas, torna essa proposta mais enriquecedora.

Prazo para a leitura e as anotações: M1 e M2: 25/02/10; 2º Médio: 24/02/10; Médio: 01/03/10.

Bjs e um excelente final de semana. Não se esqueçam: quem não fez a atividade (redação) proposta da aula passada deve fazê-la e entregar na próxima semana!

4 comentários:

Unknown disse...

ooi,tudo bem :)

Teresinha Brandão disse...

Oiiiii! Bj, Tê!

Michele Moura disse...

Parabéns pela proposta de redação! Muito pertinente tratar desse assunto. Gostaria apenas de fazer uma ou duas observações:

1. "bully" é o substantivo (podendo eventualmente ser usado como verbo) que designa a pessoa que usa a força ou poder para intimidar pessoas mais fracas.
Ex: He is the school´s bully. = Ele é o ameaçador da escola.

2. "bullying" é o verbo (no infinitivo, particípio, ou gerúndio - dependendo da colocação dada pelo contexto) que designa o ato de intimidar ou ameaçar alguém.
Ex:
a) He has been bullying everyone in class. = Ele tem ameaçado a todos na classe/aula.
b) School bullying is a national problem. = A ameaça/intimidação escolar é um problema nacional.
c) Stop bullying me! = Pare de me ameaçar!

Para mais informações, basta consultar um English Advanced Dictionary como, por exemplo, o Oxford, o Cambridge, ou o Webster.

Michele M. Rodrigues - licenciada em língua inglesa


P.S.:
Não precisa postar este comentário.

Teresinha Brandão disse...

Olá, Michele! Grata pelo comentário! Qualquer forma de contribuição para enriquecer o blogue é bem-vinda!
Volte quando desejar!
Bj, Tê!