BLOGUE DA ESCOLA SANTA MÔNICA _ PELOTAS/RS

"Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra.

E te pergunta, sem interesse pela resposta.


Pobre ou terrível, que lhes deves:

'Trouxeste a chave?' "

(Carlos Drummond de Andrade. Procura da poesia)

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Um excelente final de semana!

As "mãos" do italiano Mario Mariotti são bastante conhecidas na rede, mas se gostaram e desejarem ver outras, cliquem aqui. Um excelente final de semana! Bj, Tê!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Queridos alunos (1º, 2º e 3º anos do Médio)

Bom dia! Em razão da dificuldade que alguns alunos estão encontrando para consultar o índice do blogue, vou dividi-lo em "Indíce Geral"; Índice dos alunos do 1º ano Médio; Índice dos alunos do 2º ano Médio; Índice do 3º ano Médio. Para acessarem os índices, basta procurarem a imagem animada do livrinho, igual à deste post.
Peço-lhes um pouco de paciência enquanto construo os quatro índices.
Aproveito a oportunidade para lembrá-los de que, se tiverem alguma dúvida sobre o conteúdo postado, podem enviar um e-mail, que se encontra na barra lateral à direita do blogue: tisabrandao@yahoo.com.br
Os alunos que tiverem dificuldade de acessar a internet podem fazê-lo na própria escola.
Obrigada pela atenção! Bom final de semana! Bj, Tê!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Proposta de redação: alunos do 1º e 2º ano Médio

"Canção do exílio

Por Fernando Bonassi

Minha terra tem campos de futebol onde cadáveres amanhecem emborcados pra atrapalhar os jogos. Tem uma pedrinha cor-de-bile que faz “ruim” na cabeça da gente. Tem também muros de bloco (sem pintura, é claro, que tinta é a maior frescura quando falta mistura), onde pousam cacos de vidro pra espantar malaco. Minha terra tem HK, AR15, M21, 45 e 38 (na minha terra, 32 é uma piada). As sirenes que aqui apitam, apitam de repente e sem hora marcada. Elas não são mais as das fábricas, que fecharam. São mesmo é dos camburões, que vêm fazer aleijados, trazer tranquilidade e aflição."
(In: Os cem melhores contos brasileiros do século. Moriconi, Ítalo (org.). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 607).


"O Brasil Vai Ensinar O Mundo
(Cazuza)

No mundo inteiro há tragédias
E o planeta tá morrendo
O desespero dos africanos
A culpa dos americanos
O Brasil vai ensinar o mundo
A convivência entre as raças
Preto, branco, judeu, palestino
Porque aqui não tem rancor
E há um jeitinho pra tudo
E há um jeitinho pra tudo
Há um jeitinho pra tudo

O Brasil vai ensinar ao mundo
A arte de viver sem guerra
E, apesar de tudo, ser alegre
Respeitar o seu irmão
O Brasil tem que aprender com o mundo
E o Brasil vai ensinar ao mundo
O mundo vai aprender com o Brasil
O Brasil tem que aprender com o mundo
A ser menos preguiçoso
A respeitar as leis
Eles têm que aprender a ser alegres
E a conversar mais com Deus...

No mundo inteiro há tragédias
E o planeta tá morrendo
O desespero dos africanos
A culpa dos americanos
O Brasil vai ensinar o mundo
A convivência entre as raças
Preto, branco, judeu, palestino
Porque aqui não tem rancor
E há um jeitinho pra tudo
E há um jeitinho pra tudo
Há um jeitinho pra tudo

O Brasil vai ensinar ao mundo
A arte de viver sem guerra
E, apesar de tudo, ser alegre
Respeitar o seu irmão
O Brasil tem que aprender com o mundo
E o Brasil vai ensinar ao mundo
O mundo vai aprender com o Brasil
O Brasil tem que aprender com o mundo
A ser menos preguiçoso
A respeitar as leis
Eles têm que aprender a ser alegres
E a conversar mais com Deus...



"Brasis

(Com Seu Jorge)

Composição: Seu jorge/Gabriel moura/Jovi joviniano

Tem um Brasil que é próspero
Outro não muda
Um Brasil que investe
Outro que suga...

Um de sunga
Outro de gravata
Tem um que faz amor
E tem o outro que mata
Brasil do ouro
Brasil da prata
Brasil do balacochê
Da mulata...

Tem um Brasil que é lindo
Outro que fede
O Brasil que dá
É igualzinho ao que pede...

Pede paz, saúde
Trabalho e dinheiro
Pede pelas crianças
Do país inteiro
Lararará!...

Tem um Brasil que soca
Outro que apanha
Um Brasil que saca
Outro que chuta
Perde, ganha
Sobe, desce
Vai à luta bate bola
Porém não vai à escola...

Brasil de cobre
Brasil de lata
É negro, é branco, é nissei
É verde, é índio peladão
É mameluco, é cafuso
É confusão
É negro, é branco, é nissei
É verde, é índio peladão
É mameluco, é cafuso
É confusão...

Oh pindorama eu quero
Seu porto seguro
Suas palmeiras
Suas feiras, seu café
Suas riquezas
Praias, cachoeiras
Quero ver o seu povo
De cabeça em pé...

Quero ver o seu povo
De cabeça em pé..."

"Outro dia, ao chegar ao Rio de Janeiro, tomei um táxi. O motorista, jeito carioca, extrovertido, foi logo puxando papo, de olho no retrovisor.
- A senhora é de Brasília, não é?
- Sim - respondi.
- É, eu a reconheci.
_ E como é que a senhora aguenta conviver com aqueles ladrões lá do Planalto Central? Não deve ser moleza.
O sujeito disparou a falar de políticos, do tanto que eles são asquerosos, corruptos... Desfiou um rosário de adjetivos comuns à politicagem nacional. Brasília é o palco mais visível dessas mazelas e nem poderia deixar de ser. Afinal, o país inteiro olha para lá. O taxista era só mais um crítico,
aparentemente atento. Ele sabia dar nomes aos bois que pastavam tranquilamente no orçamento da união, que se espreguiçavam impunemente sob a sombra da imunidade parlamentar ou de leis feitas em benefício próprio. E que, de tempos em tempos,se refrescavam nas águas eleitoreiras. O carro seguia em alta velocidade; a distância parecia esticada. Vi uma bandeira três disparada. Lá pelas tantas, quando já estávamos dentro de um segundo túnel escuro, o condutor falante sugeriu um "dia sem corrupção".
- Já pensou - disse ele - se uma vez por ano esses homens não roubassem?
- Interessante - a exclamação me escapou aos lábios.
- Sim
- continuou entusiasmado -, seria uma economia e tanto.
Nessa hora me dei conta de que estávamos percorrendo o caminho mais longo para o meu destino. Chegava a ser irracional, a quantidade de voltas para acertar o rumo. Deixei.
- Os economistas comentam - tagalerava ele - que somos um país rico. Não deveria existir déficit da previdência, os impostos nem precisariam ser tão altos,o serviço público poderia ser de primeira. O problema é que quanto mais se arrecada, mais escorre pelo ralo, tamanha a roubalheira.
Tão observador, será que ainda se lembrava em quem tinha votado para deputado ou senador na última eleição? Fiz a pergunta e, depois de algum silêncio, a resposta foi não. Pena. Caímos num engarrafamento, cenário perfeito para aquele juiz de plantão tecer mais comentários sobre o malfeito.
- Veja como são as coisas, os riquinhos ociosos da Zona Sul, que deveriam pensar em quem tem pressa, acham que são donos do pedaço e vão embicando seus carros, furando fila, costurando de uma faixa a outra, querendo levar vantagem. A gente, que é motorista de táxi, tem que ficar atento, porque os guardas estão de olho, qualquer coisinha eles multam. Mas eles fazem vista grossa para as vans que transportam pessoas ilegalmente. Elas param onde querem, estão tomando os nossos passageiros. Como não tem ônibus para todo mundo e táxi fica caro, muita gente prefere ir de van.
Por falar em "caro", a interminável corrida já estava me saindo um absurdo... Resolvi pontuaralgumas coisas.
- Por que o senhor escolheu o caminho mais longo?
Ele tentou justificar:
- É que eu estava fugindo do congestionamento.
- Mas acabamos caindo no pior deles - retruquei. E por que o senhor está usando bandeira três
se não tenho bagagem no porta-malas nem é feriado hoje? - continuei questionando.
Ele disse que estava na três para compensar a provável falta de passageiro na volta. Claro que não, eu sabia. Finalmente, consegui chegar ao endereço pretendido. Fiz mais um teste com o "probo" cidadão: paguei com uma nota mais alta e pedi nota fiscal. Ele me devolveu o troco a menos e disse que o seu talão de notas havia acabado.
- Veja como são as coisas, seu moço - emendei.
O senhor veio de lá aqui destilando a ira de um trabalhador honesto. No entanto, se aproveitou do fato de eu não saber andar na cidade, empurrou uma bandeirada, andou acima da velocidade permitida, furou sinal, deu voltas, fingiu que me deu o troco certo e diz que não tem nota fiscal!
O brasileiro esperto quis interromper, mas era a minha vez de falar.
- O senhor acha mesmo que os ladrões são aqueles que estão em Brasília? Que diferença há entre o senhor e eles?
Eu sabia que estava correndo o risco de uma reação violenta, mas não me contive. Os "homens" do Planalto Central são o extrato fiel da nossa sociedade. Quantos taxistas desse porte vemos dirigindo instituições? Bons de discurso... Na prática... Desembarquei com a lição latejando em mim. Quantas vezes, como fez esse taxista, usamos espelhos apenas com o retrovisor para reter histórias alheias? Nossas caras, tão deformadas, tão retocadas, tão disfarçadas, onde estão? Onde as escondemos que não aparecem no espelho? Sem a verdade que liberta, jamais estaremos livres de nós mesmos. Ainda sonho com um Brasil de cara nova... A começar por minha própria cara."

(O texto acima é de autoria da jornalista Delis Ortiz _ Rede Globo _ e foi publicado na Revista Ultimato nº 317, de fevereiro de 2009).

Proposta de redação
Com base nos textos acima e no seu conhecimento de mundo, redijam um texto dissertativo-argumentativo (mínimo 20 linha e máximo 35) em que vocês se posicionem sobre a seguinte questão: "Qual a imagem que tenho do Brasil?"

Prazo de leitura e apontamentos e prazo de entrega da redação: conforme o combinado em sala de aula.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Missa do galo (aos alunos do 2º Médio) (2ª parte)

Continuação da 1ª parte (aqui)
" [...] E não saía daquela posição, que me enchia de gosto, tão perto ficavam as nossas caras. Realmente, não era preciso falar alto para ser ouvido; cochichávamos os dois, eu mais que ela, porque falava mais; ela, às vezes, ficava séria, muito séria, com a testa um pouco franzida. Afinal, cansou; trocou de atitude e de lugar. Deu volta à mesa e veio sentar-se do meu lado, no canapé. Voltei-me, e pude ver, a furto, o bico das chinelas; mas foi só o tempo que ela gastou em sentar-se, o roupão era comprido e cobriu-as logo. Recordo-me que eram pretas. Conceição disse baixinho:

_ Mamãe está longe, mas tem o sono muito leve; se acordasse agora, coitada, tão cedo não pegava no sono.
_ Eu também sou assim.
_ O quê? Perguntou ela inclinando o corpo para ouvir melhor.
Fui sentar-me na cadeira que ficava ao lado do canapé e repeti a palavra. Riu-se da coincidência; também ela tinha o sono leve; éramos três sonos leves.

_ Há ocasiões em que sou como mamãe: acordando, custa-me dormir outra vez, rolo na cama, à toa, levanto-me, acendo vela, passeio, torno a deitar-me, e nada.
_ Foi o que lhe aconteceu hoje.
_ Não, não, atalhou ela.

Não entendi a negativa; ela pode ser que também não a entendesse. Pegou das pontas do cinto e bateu com elas sobre os joelhos, isto é, o joelho direito, porque acabava de cruzar as pernas. Depois referiu uma história de sonhos, e afirmou-me que só tivera um pesadelo, em criança. Quis saber se eu os tinha. A conversa reatou-se assim lentamente, longamente, sem que eu desse pela hora nem pela missa. Quando eu acabava uma narração ou uma explicação, ela inventava outra pergunta ou outra matéria, e eu pegava novamente na palavra. De quando em quando, reprimia-me:

_ Mais baixo, mais baixo...

Havia também umas pausas. Duas outras vezes, pareceu-me que a via dormir; mas os olhos, cerrados por um instante, abriam-se logo sem sono nem fadiga, como se ela os houvesse fechado para ver melhor. Uma dessas vezes creio que deu por mim embebido na sua pessoa, e lembra-me que os tornou a fechar, não sei se apressada ou vagarosamente. Há impressões dessa noite, que me aparecem truncadas ou confusas. Contradigo-me, atrapalho-me. Uma das que ainda tenho frescas é que, em certa ocasião, ela, que era apenas simpática, ficou linda, ficou lindíssima. Estava de pé, os braços cruzados; eu, em respeito a ela, quis levantar-me; não consentiu, pôs uma das mãos no meu ombro, e obrigou-me a estar sentado. Cuidei que ia dizer alguma coisa; mas estremeceu, como se tivesse um arrepio de frio, voltou as costas e foi sentar-se na cadeira, onde me achara lendo. Dali relanceou a vista pelo espelho, que ficava por cima do canapé, falou de duas gravuras que pendiam da parede.

_ Estes quadros estão ficando velhos. Já pedi a Chiquinho para comprar outros.

Chiquinho era o marido. Os quadros falavam do principal negócio deste homem. Um representava "Cleópatra"; não me recordo o assunto do outro, mas eram mulheres. Vulgares ambos; naquele tempo não me pareciam feios.

_ São bonitos, disse eu.
_ Bonitos são; mas estão manchados. E depois francamente, eu preferia duas imagens, duas santas. Estas são mais próprias para sala de rapaz ou de barbeiro.
_ De barbeiro? A senhora nunca foi a casa de barbeiro.
_ Mas imagino que os fregueses, enquanto esperam, falam de moças e namoros, e naturalmente o dono da casa alegra a vista deles com figuras bonitas. Em casa de família é que não acho próprio. É o que eu penso; mas eu penso muita coisa assim esquisita. Seja o que for, não gosto dos quadros. Eu tenho uma Nossa Senhora da Conceição, minha madrinha, muito bonita; mas é de escultura, não se pode pôr na parede, nem eu quero. Está no meu oratório.

A ideia do oratório trouxe-me a da missa, lembrou-me que podia ser tarde e quis dizê-lo. Penso que cheguei a abrir a boca, mas logo a fechei para ouvir o que ela contava, com doçura, com graça, com tal moleza que trazia preguiça à minha alma e fazia esquecer a missa e a igreja. Falava das suas devoções de menina e moça. Em seguida referia umas anedotas de baile, uns casos de passeio, reminiscências de Paquetá, tudo de mistura, quase sem interrupção. Quando cansou do passado, falou do presente, dos negócios da casa, das canseiras de família, que lhe diziam ser muitas, antes de casar, mas não eram nada. Não me contou, mas eu sabia que casara aos vinte e sete anos.

Já agora não trocava de lugar, como a princípio, e quase não saíra da mesma atitude. Não tinha os grandes olhos compridos, e entrou a olhar à toa para as paredes.

_ Precisamos mudar o papel da sala, disse daí a pouco, como se falasse consigo.

Concordei, para dizer alguma coisa, para sair da espécie de sono magnético, ou o que quer que era que me tolhia a língua e os sentidos. Queria e não queria acabar a conversação; fazia esforço para arredar os olhos dela, e arredava-os por um sentimento de respeito; mas a idéia de parecer que era aborrecimento, quando não era, levava-me os olhos outra vez para Conceição. A conversa ia morrendo. Na rua, o silêncio era completo.

Chegamos a ficar por algum tempo, - não posso dizer quanto, _ inteiramente calados. O rumor único e escasso, era um roer de camundongo no gabinete, que me acordou daquela espécie de sonolência; quis falar dele, mas não achei modo. Conceição parecia estar devaneando. Subitamente, ouvi uma pancada na janela, do lado de fora, e uma voz que bradava: "Missa do galo! missa do galo!"

_ Aí está o companheiro, disse ela levantando-se. Tem graça; você é que ficou de ir acordá-lo, ele é que vem acordar você. Vá, que hão de ser horas; adeus.

_ Já serão horas? perguntei.
_ Naturalmente.
_ Missa do galo! repetiram de fora, batendo.
_ Vá, vá, não se faça esperar. A culpa foi minha. Adeus; até amanhã.

E com o mesmo balanço do corpo, Conceição enfiou pelo corredor dentro, pisando mansinho. Saí à rua e achei o vizinho que esperava. Guiamos dali para a igreja. Durante a missa, a figura de Conceição interpôs-se mais de uma vez, entre mim e o padre; fique isto à conta dos meus dezessete anos. Na manhã seguinte, ao almoço, falei da missa do galo e da gente que estava na igreja sem excitar a curiosidade de Conceição. Durante o dia, achei-a como sempre, natural, benigna, sem nada que fizesse lembrar a conversação da véspera. Pelo Ano-Bom fui para Mangaratiba. Quando tornei ao Rio de Janeiro, em março, o escrivão tinha morrido de apoplexia. Conceição morava no Engenho Novo, mas nem a visitei nem a encontrei. Ouvi mais tarde que casara com o escrevente juramentado do marido."

Fonte: Assis, Machado. Contos Consagrados _ Coleção Pretígio. Ediouro - s/d.
Boa leitura, pessoal! Bj, Lili!

Do mundo da literatura ao mundo dos livros

A Editora 4th Estate, em comemoração aos seus 25 anos, criou um vídeo sobre livros. Eu adorei o material produzido... ! Amo tocar em livros, cheirá-los...! Imaginem, então, quando os personagens saem por aí, fazendo o que bem querem, mudando os rumos das narrativas, tornando-se vilões quando foram feitos para serem mocinhos...! Subvertendo, criando, recriando, dando forma e voz às coisas..., "poetando" e traçando o rumo de suas próprias histórias...! E o barulho ao fundo...? Amanhece, escurece, anoitece e volta a amanhecer nesse mundo tão mágico e encantador! Há vida no mundo dos livros! Alguns personagens se conhecem, outros não... E o que dizer dos locais? Luzes, ruelas, prédios, casas, pontes, árvores... É tudo tão "humano", tão real! Explêndido! Bj carinhoso! Tê! Continuem a leitura do conto de Machado!

Missa do galo (aos alunos do 2º Médio) (1ª parte)

Olá, queridos alunos! Segundo o combinado, postei o conto Missa do galo, de Machado de Assis. Como é um pouco extenso, intercalarei com um vídeo. Boa leitura! Bj, Lili!

"Missa do galo

Por Machado de Assis

Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela trinta. Era noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo, preferi não dormir; combinei que eu iria acordá-lo à meia-noite.
A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de minhas primas. A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem, quando vim de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia tranquilo, naquela casa assobradada da rua do Senado, com os meus livros, poucas relações, alguns passeios. A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Às dez horas da noite toda a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito.

Boa Conceição! Chamavam-lhe "a santa", e fazia jus ao título, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido. Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes lágrimas, nem grandes risos. No capítulo de que trato, dava para maometana; aceitaria um harém, com as aparências salvas. Deus me perdoe, se a julgo mal. Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar.

Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos anos de 1861 ou 1862. Eu já devia estar em Mangaratiba, em férias; mas fiquei até o Natal para ver "a missa do galo na Corte". A família recolheu-se à hora do costume; eu meti-me na sala da frente, vestido e pronto. Dali passaria ao corredor da entrada e sairia sem acordar ninguém. Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão, eu levaria outra, a terceira ficava em casa.

_ Mas, Sr. Nogueira, que fará você todo esse tempo? perguntou-me a mãe de Conceição.
_ Leio, D. Inácia.

Tinha comigo um romance, os Três Mosqueteiros, velha tradução creio do Jornal do Comércio. Sentei-me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene, enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D’Artagnan e fui-me às aventuras. Dentro em pouco estava completamente ébrio de Dumas. Os minutos voavam, ao contrário do que costumam fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas quase sem dar por elas, um acaso. Entretanto, um pequeno rumor que ouvi dentro veio acordar-me da leitura. Eram uns passos no corredor que ia da sala de visitas à de jantar; levantei a cabeça; logo depois vi assomar à porta da sala o vulto de Conceição.

_ Ainda não foi? Perguntou ela.
_ Não fui; parece que ainda não é meia-noite.
_ Que paciência!

Conceição entrou na sala, arrastando as chinelinhas da a1cova. Vestia um roupão branco, mal apanhado na cintura. Sendo magra, tinha um ar de visão romântica, não disparatada com o meu livro de aventuras. Fechei o livro; ela foi sentar-se na cadeira que ficava defronte de mim, perto do canapé. Como eu lhe perguntasse se a havia acordado, sem querer, fazendo barulho, respondeu com presteza:

_ Não! qual! Acordei por acordar.
Fitei-a um pouco e duvidei da afirmativa. Os olhos não eram de pessoa que acabasse de dormir; pareciam não ter ainda pegado no sono. Essa observação, porém, que valeria alguma coisa em outro espírito, depressa a botei fora, sem advertir que talvez não dormisse justamente por minha causa, e mentisse para me não afligir ou aborrecer. Já disse que ela era boa, muito boa.

_ Mas a hora já há de estar próxima, disse eu.
_ Que paciência a sua de esperar acordado, enquanto o vizinho dorme! E esperar sozinho! Não tem medo de almas do outro mundo? Eu cuidei que se assustasse quando me viu.
_ Quando ouvi os passos estranhei; mas a senhora apareceu logo.
_ Que é que estava lendo? Não diga, já sei, é o romance dos Mosqueteiros.
_ Justamente: é muito bonito.
_ Gosta de romances?
_ Gosto.
_ Já leu a Moreninha?
_ Do Dr. Macedo? Tenho lá em Mangaratiba.
_ Eu gosto muito de romances, mas leio pouco, por falta de tempo. Que romances é que você tem lido?

Comecei a dizer-lhe os nomes de alguns. Conceição ouvia-me com a cabeça reclinada no espaldar, enfiando os olhos por entre as pálpebras meio-cerradas, sem os tirar de mim. De vez em quando passava a língua pelos beiços, para umedecê-los. Quando acabei de falar, não me disse nada; ficamos assim alguns segundos. Em seguida, vi-a endireitar a cabeça, cruzar os dedos e sobre eles pousar o queixo, tendo os cotovelos nos braços da cadeira, tudo sem desviar de mim os grandes olhos espertos.

_ Talvez esteja aborrecida, pensei eu.

E logo alto:

_ D. Conceição, creio que vão sendo horas, e eu...
_ Não, não, ainda é cedo. Vi agora mesmo o relógio; são onze e meia. Tem tempo. Você, perdendo a noite, é capaz de não dormir de dia?
_ Já tenho feito isso.
_ Eu, não; perdendo uma noite, no outro dia estou que não posso, e, meia hora que seja, hei de passar pelo sono. Mas também estou ficando velha.
_ Que velha o que, D. Conceição?

Tal foi o calor da minha palavra que a fez sorrir. De costume tinha os gestos demorados e as atitudes tranquilas; agora, porém, ergueu-se rapidamente, passou para o outro lado da sala e deu alguns passos, entre a janela da rua e a porta do gabinete do marido. Assim, com o desalinho honesto que trazia, dava-me uma impressão singular. Magra embora, tinha não sei que balanço no andar, como quem lhe custa levar o corpo; essa feição nunca me pareceu tão distinta como naquela noite. Parava algumas vezes, examinando um trecho de cortina ou consertando a posição de algum objeto no aparador; afinal deteve-se, ante mim, com a mesa de permeio. Estreito era o círculo das suas idéias; tornou ao espanto de me ver esperar acordado; eu repeti-lhe o que ela sabia, isto é, que nunca ouvira missa do galo na Corte, e não queria perdê-la.
- É a mesma missa da roça; todas as missas se parecem.
- Acredito; mas aqui há de haver mais luxo e mais gente também. Olhe, a semana santa na Corte é mais bonita que na roça. São João não digo, nem Santo Antônio...
Pouco a pouco, tinha-se inclinado; fincara os cotovelos no mármore da mesa e metera o rosto entre as mãos espalmadas. Não estando abotoadas, as mangas, caíram naturalmente, e eu vi-lhe metade dos braços, muitos claros, e menos magros do que se poderiam supor. A vista não era nova para mim, posto também não fosse comum; naquele momento, porém, a impressão que tive foi grande. As veias eram tão azuis, que apesar da pouca claridade, podia contá-las do meu lugar. A presença de Conceição espertara-me ainda mais que o livro. Continuei a dizer o que pensava das festas da roça e da cidade, e de outras coisas que me iam vindo à boca. Falava emendando os assuntos, sem saber por quê, variando deles ou tornando aos primeiros, e rindo para fazê-la sorrir e ver-lhe os dentes que luziam de brancos, todos iguaizinhos. Os olhos dela não eram bem negros, mas escuros; o nariz, seco e longo, um tantinho curvo, dava-lhe ao rosto um ar interrogativo. Quando eu alteava um pouco a voz, ela reprimia-me:
_ Mais baixo! Mamãe pode acordar.

(Continua:
aqui)

Debate em sala de aula: proposta sobre bullying (Interessante aos alunos do1º, 2º e 3º anos)

Neste post, retomo a proposta de redação e coletânea de textos do post anterior (aqui) a respeito de bullying no ambiente escolar brasileiro. Em sala de aula (2º Médio), destacamos as principais ideias apresentadas nos textos e debatemos o posicionamento de alguns alunos, bem como as alternativas (sugestões) para amenizar o problema. Registro as principais ideias debatidas, em forma de questionamentos, nos itens abaixo.

_ O que é bullying? E cyberbullying? Por que o assunto é importante? Os índices apresentados na coletânea revelam essa importância?

_ Quem são as pessoas direta ou indiretamente envolvidas (ex: vítima; agressor; família de ambos; professores; direção da escola; testemunhas, ...)?

_ Quais as principais causas e consequências do bullying considerando os envolvidos citados no item anterior?

_ O combate ao bullying deve ser visto como um caso de prevenção, punição ou ambos? O que pode ser feito para prevenir essa prática? E nos casos de punição como devem ser punidos os responsáveis?

_ De que maneira as testemunhas as quais temem represálias ao denunciar essa prática devem se comportar para não se tornarem, de um lado, "novas vítimas", e, de outro, não serem omissas? Nesse processo, qual o papel da família do agressor, da família da vítima, das testemunhas, da direção da escola, do Judiciário, do serviço de Psicologia da escola?

Não se esqueçam: num texto argumentativo, vocês devem formular uma tese (Querem convencer o interlocutor de que exatamente?). Além disso, podem, com base no que expuseram, traçar perspectivas futuras e apresentar sugestões em relação ao assunto.
Farei um post dando sugestões de como apresentar o tema (na introdução), ok? Aguardem e confiram! Bem, em síntese, foi isso! Bj! Tê!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Biblioteca... Psiu!!! Não contem nada à Diná!!!!

Imagem: Clip Art; Acervo da Web

O texto abaixo é de autoria do italiano Humberto Eco, o mesmo que escreveu Em nome da Rosa, adaptado para as telas de cinema. É uma crítica muito bem humorada sobre a organização de biblioteca... Bem, que minha colega Diná não saiba de nada...! Rsrs!! Pedir "segredo" publicamente... ! Durante esta semana, postarei sobre alguns livros novos que chegaram à biblioteca da escola... posts "sérios", é claro, rsrs! Bj, Tê!

"Como organizar uma biblioteca pública

1. Os catálogos devem ser divididos ao máximo: deve-se ter muito cuidado em separar o catálogo dos livros do das revistas, este do catálogo por assuntos e ainda os livros de aquisição recente dos livros de aquisição mais antiga. De preferência, a ortografia nos dois catálogos (aquisições antigas e recentes), deve ser diferente: por exemplo, nas aquisições recentes, farmacologia deve vir com f, e nas antigas com ph; Tcheco-Eslováquia deve vir com T nas aquisições recentes, e nas antigas sem T: Checo-Eslováquia.

2. Os temas devem ser decididos pelo bibliotecário. Os livros não devem jamais trazer no colofão qualquer indicação acerca dos assuntos sobre os quais devem ser classificados.

3. As siglas devem ser instranscrevíveis e de preferência muitas, de modo que nunca reste a quem preencha a ficha espaço suficiente para incluir a última denominação, considerada irrelevante, e assim o encarregado possa sempre lhe restituir a referida ficha para ser preenchida da maneira correta.

4. O tempo entre o pedido e a entrega do livro deve ser sempre muito longo.

5. Não é necessário entregar ao usuário mais de um livro de cada vez.

6. Os livros entregues ao usuário, porque foram solicitados por ficha, não podem ser levados para a sala de consultas, isto é, a vida do consulente deve ser dividida em dois aspectos fundamentais: um dedicado à leitura e outro inteiramente votado à consulta. A biblioteca deve desencorajar a leitura cruzada de vários livros, porque pode provocar o estrabismo.

7. Se possível, desaconselha-se totalmente a presença de máquinas fotocopiadoras; no entanto, se uma delas existir, o acesso a seu uso deve ser muito complexo e cansativo, o custo de cada cópia deve ser superior ao das papelarias, e os limites reduzidos a duas ou três páginas copiadas por usuário.

8. O bibliotecário deve sempre encarar o leitor como um inimigo, um vagabundo (senão, estaria trabalhando), um ladrão em potencial.

9. A sala de consultas deve ser inatingível.

10. Os empréstimos devem ser desencorajados.

11. Os empréstimos entre bibliotecas deve ser impossível, ou pelo menos demandar muitos meses. O melhor, neste caso, talvez seja assegurar a impossibilidade de vir a conhecer o que existe nas demais bibliotecas.

12. Em consequência disso, os furtos devem ser facílimos.

13. Os horários devem coincidir absolutamente com os horários de trabalho, discutidos previamente com os sindicatos: fechamento irrevogável aos sábados, aos domingos, às noites e na hora das refeições. O maior inimigo da biblioteca é o estudante que trabalha; o maior amigo é qualquer um que tenha uma biblioteca própria, e, portanto não tenha necessidade de vir à biblioteca e, ao morrer, legue a essa os livros que possuía.

14. Não deve ser possível descansar no interior da biblioteca de modo algum, e, em todo caso, não deve ser possível descansar sequer do lado de fora da biblioteca sem antes ter devolvido todos os livros que se tinha pedido, de modo a ser obrigado a pedi-los novamente depois de tomar um café.

15. Nunca deve ser possível reencontrar o mesmo livro no dia seguinte.

16. Nunca deve ser possível saber quem pegou emprestado o livro que está faltando.

17. De preferência, nada de banheiros.

18. Idealmente, o usuário não deveria poder entrar na biblioteca. Admitindo-se que entre, usufruindo obstinada e antipaticamente de um direito que lhe foi concedido com base nos princípios da Revolução Francesa, mas que ainda não foi assimilado pela sensibilidade coletiva, não deve e não deverá de modo algum, excetuando as rápidas travessias da sala de consulta, ter acesso à penetrália das estantes.

Nota reservada: Todo o pessoal lotado nas bibliotecas públicas deve ser portador de defeitos físicos, porque uma das coisas que se espera de um órgão público é que ofereça possibilidades de emprego aos cidadãos vítimas de deficiências (está presentemente em estudos a extensão desse requisito também ao Corpo de Bombeiros). O bibliotecário ideal deve ser, antes de mais nada, manco, a fim de estender o tempo que transcorre entre o recebimento da ficha preenchida, a descida aos subterrâneos e a volta com os livros pedidos. Para os servidores destinados a subir em escadas para atingir as prateleiras de altura superior a oito metros, recomenda-se que o braço que falta seja substituído por uma prótese em gancho, por questões de segurança. Os funcionários totalmente desprovidos de membros superiores devem pegar os livros pedidos com os dentes (disposição que tem como finalidade impedir a entrega aos leitores de volumes maiores que o formato in-oitavo)."
(Humberto Eco)

E dá para conter o riso, pessoal...? Um bom dia a todos! Tê!

Atenção, queridos alunos, às novas datas de entrega das redações!

Olá, queridos alunos!

Em função de redução do horário no 1º dia letivo de aulas, dos feriados de Carnaval e de engano meu, confiram as novas datas de entrega das redações e das leituras e anotações dos principais tópicos das coletâneas.

Proposta de redação (1): alunos do 1º ano Médio (
aqui)
Proposta de redação (1): alunos do 2º e 3º Médio (
aqui)
Proposta de redação (2): alunos do 1º, 2º e 3º Médio (
aqui)

Não se esqueçam de, além de entregar a redação, lerem, de acordo com o prazo delimitado, as coletâneas e fazerem observações referentes a elas para que possamos discuti-las em aula, ok?

Bjs especiais!!! Tê!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Um bom início de semana!

Critérios de avaliação das redações do Ensino Médio (aos alunos do 1º, 2º e 3º Médios)

Critérios de Avaliação das Redações

Querido alunos, as redações serão avaliadas seguindo os critérios do ENEM. Consultem a página (aqui) e leiam as considerações abaixo, ok? Conversaremos com calma sobre os itens a seguir. Bom final de domingo! Bj, Tê!
I. Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita.
II. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
III. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
IV. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.

V. Elaborar proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

Na competência I, espera-se que o participante escolha o registro adequado a uma situação formal de produção de texto escrito. Na avaliação, serão considerados os fundamentos gramaticais do texto escrito, refletidos na utilização da norma culta em aspectos como: sintaxe de concordância, regência e colocação; pontuação; flexão; ortografia; e adequação de registro demonstrada, no desempenho linguístico, de acordo com a situação formal de produção exigida.

O eixo da competência II reside na compreensão do tema que instaura uma problemática a respeito da qual se pede um texto escrito, em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo. Por meio desse tipo de texto, analisam-se, interpretam-se e relacionam-se dados, informações e conceitos amplos, tendo-se em vista a construção de uma argumentação, em defesa de um ponto de vista.

Na competência III, procura-se avaliar como o participante, em uma situação formal de interlocução, seleciona, organiza, relaciona e interpreta os dados, informações e conceitos necessários para defender sua perspectiva sobre o tema proposto.

Na competência IV, avalia-se a utilização de recursos coesivos da modalidade escrita, com vistas à adequada articulação dos argumentos, fatos e opiniões selecionados para a defesa de um ponto de vista sobre o tema proposto. Serão considerados os mecanismos linguísticos responsáveis pela construção da argumentação na superfície textual, tais como: coesão referencial; coesão lexical (sinônimos, hiperônimos, repetição, reiteração); e coesão gramatical (uso de conectivos, tempos verbais, pontuação, sequência temporal, relações anafóricas, conectores intervocabulares, intersentenciais, interparágrafos).

Na competência V, verifica-se como o participante indicará as possíveis variáveis para solucionar a problemática desenvolvida, quais propostas de intervenção apresentou, qual a relação destas com o projeto desenvolvido sobre o tema proposto e a qualidade destas propostas, mais genéricas ou específicas, tendo por base a solidariedade humana e o respeito à diversidade de pontos de vista, eixos de uma sociedade democrática.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Alunos da Santa Mônica viajam com profa. de inglês à Europa

Torre Eiffel vista de baixo

Paris à noite, com detalhe do Sena
A profa. Rosângela Vargas, de inglês e português da Santa Mônica, acompanhada de um grupo de alunos da escola viajaram pela Europa no período de 13 de janeiro a 04 de fevereiro deste ano. Em suma: 23 dias convivendo com culturas de diferentes países, falando em línguas diferentes, aprendendo e, acima de tudo, divertindo-se muito! Aprender uma língua estrangeira, no caso o inglês, em países cuja língua oficial é a inglesa mostra-se uma experiência muito enriquecedora! É a segunda vez que a profa. Rosângela viaja com alunos da Santa Mônica. Pedi à Rosaângela que me enviasse fotos da viagem e, como há poucos dias, postei um vídeo de Edith Piaf (aqui), enviou-me fotos da magnífica Paris. Parabéns à professora, aos alunos e pais, à direção da escola por proporcionarem essa inicitiva!
Selecionei um texto para acompanhar as fotos. Com um estrutura básica (advérbios + adjetivos), o autor Joaquim da Fonseca conseguiu produzir uma "visão" magnífica de Paris! Deliciem-se! Bj, Tê!
Detalhe do portão: Palais de Versailles

"Ça va, monsieur...
Por Joaquim da Fonseca

Romanticamente comovido nos Quais que margeiam o Sena, contemplativamente enlevado nos jardins do Palais du Luxembourg, nostalgicamente perdido nas vielas existencialistas do Quartier Latin, gulosamente deliciado nos bistrôs do Marais, celestialmente maravilhado com a Catedral de Notre-Dame, ricamente adornado nas vitrinas de Champs Élysées, historicamente esclarecido na Esplanade des Invalides, monumentalmente embasbacado no parque Champ de Mars, eroticamente excitado nos cabarés de Place Pigalle, reverentemente ilustrado ao longo dos corredores do Louvre, patrioticamnte exaltado na Place de la Bastille, culturalmente entusiasmado nos cinco andares de Beaubourg, alegremente embriagado nas brasseries de Saint-Germain, criativamente eletrizado no Museu Picasso, divinamente hipnotizado pelos vitrais da Sainte Chapelle, artisticamente motivado nas ladeiras de Montmartre, ternamente apaixonado sob as árvores do Place Dauphine, calorosamente iluminado pelas telas impressionistas da Gare d’Orsay. Em Paris, pode-se ficar tudo isso e muito mais.
Foi um pouco assim que fiquei, bobamente enfeitiçado pela simples razão de estar lá, seguindo os passos do Luis Fernando, traçando meus desenhos pelas ruas, parques e boulevares de uma cidade inesquecivelmente encantada."

Extraído de: VERISSIMO, Luis Fernando e FONSECA, Joaquim da. Traçando Paris. Porto Alegre, Artes e Ofícios Editora, 1995; ilustrações de Joaquim da Fonseca.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Era digital...

No cartoon acima, percebe-se uma clara alusão ao filme Em nome da Rosa, baseado na obra de mesmo nome, do escritor italiano Humberto Eco. Por indicação de Lélia Caetano, minha colega no ensino a distância, na UFPEL, assisti ao vídeo a seguir, uma crítica exagerada, caricaturesca, que funciona como uma paródia de um trecho do livro/filme. Muito boa dica! Resolvi dividir as risadas... Espero que se divirtam!

Ela explica: "A chegada da tecnologia digital mudou o nosso mundo e, em muito pouco tempo, tivemos de nos adaptar a uma nova linguagem, mudarmos posturas, procedimentos, enfim, transitarmos nesse universo com uma certa desenvoltura. Mas o que de fato chama minha atenção é o deslocamento do domínio do conhecimento. Os mais jovens apropriam-se antes e mais rápido do que os mais velhos e assim transformam paradigmas nas instituições: família, escola, trabalho. ".

E, em tom de brincadeira, Lélia afirma: "Compartilho esse vídeo com vocês por dois motivos:

1. É uma metáfora muito inteligente e de bom gosto.

2. Qualquer semelhança é mera coincidência com a minha iniciação com o computador: eu sou o Ansgar e a outra personagem é meu filho.

Claro que já faz um bom tempo... mas foi uma delícia lembrar esse aprendizado!"

Publicado originalmente em Tear de Sentidos (
aqui). Bom final de semana! Bjs!!! Tê!

Proposta de redação (alunos do 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio)

Você já fez alguma coisa que não gostaria que fizessem com você?
Bullying: respeito é bom e eu gosto.
(cartaz veiculado na internet)





"Cyberbullying: violência virtual

Por Patrícia Costa

Como se já não bastasse a violência que nos assola no mundo real, crescem os atos de violência no mundo virtual. A popularização da internet e do celular permite que estejamos conectados todo o tempo. O assédio constante por esses meios eletrônicos pode causar consequências terríveis. O caso mais célebre e recente foi a prisão da norte-americana Lori Drew. Ela foi condenada pela morte da jovem Megan Meier, de 13 anos, que cometeu suicídio depois de sofrer perseguição e agressões psicológicas frequentes pela internet.

Este é um exemplo típico do cyberbullying, uma variação do bullying, que anda crescendo na rede mundial de computadores. São ataques a uma pessoa cometidos por meios interativos como mensagens de texto, e-mails, sites de relacionamento e jogos. E que, pela frequência e violência, podem causar sérios danos psicológicos e sociais à vítima. Segundo uma pesquisa da Pew Research, 32% dos adolescentes americanos foram vítimas do cyberbullying em 2007.

Fenômeno brasileiro

No Brasil, esta prática também vem crescendo em ritmo acelerado. Para o advogado Alexandre Atheniense, presidente da Câmara de Tecnologia da Informação do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), isso acontece por conta de vários fatores: “Primeiro, há o crescimento dos novos dispositivos de comunicação de redes sociais, como os sites de relacionamento, blogs e fotoblogs, que se popularizaram muito, sobretudo entre os adolescentes. Em segundo lugar, não há uma orientação, nem das escolas nem dos pais, a respeito das responsabilidades de quem pratica o cyberbullying. Aliado a isso, ainda há a falsa sensação de impunidade propiciada por um suposto anonimato”.

Para quem pensa que os autores do cyberbullying são muito difíceis de ser apanhados, o advogado dá uma orientação. “É preciso guardar todas as provas dos ataques. E não existe anonimato total na internet. É possível tipificar essa conduta ilícita como um crime e submeter quem praticou a uma ação judicial. Essa ação pode ter duas linhas, uma criminal, que aplica a pena de punição prevista no código penal, e outra cível, que visa a reparação do dano.”

Crime virtual, castigo real

Para o especialista, que é professor de crimes eletrônicos, o cyberbullying pode e deve ser reprimido e punido. O que se discute hoje é a responsabilidade dos pais sobre os atos que seus filhos cometem na internet: “O que pode parecer uma brincadeira inocente é uma dor e cabeça para os pais, e pode se tornar um crime e causar sérias consequências”, alerta ele.

Um recente caso brasileiro ilustra isso. Em agosto de 2008, a Justiça de Rondônia condenou os pais de um grupo de alunos de uma escola particular a pagar uma indenização de R$ 15 mil por danos morais a um professor. Os alunos haviam criado uma comunidade no site de relacionamentos Orkut onde lançaram ofensas e fizeram ameaças ao professor.

Aliás, o Orkut é um dos ambientes que mais concentram casos de cyberbullying. E os professores são, geralmente, grandes alvos. Para Alexandre, a disseminação de calúnias, difamações e ofensas por meios eletrônicos pode ser até mais danosa do que o bullying, praticado principalmente no ambiente escolar. “É que esses meios, como internet e celular, garantem uma propagação muito rápida e global, pela velocidade da troca de material. É impossível saber também se todo o conteúdo ofensivo pode ser retirado da rede, pois ele pode ressurgir em qualquer outro ambiente virtual”.

Para ajudar no combate ao cyberbullying e a outras formas de violência virtual, Alexandre elaborou uma cartilha, disponível em seu blog, que recomenda, entre outras coisas, que os pais acompanhem o que seus filhos andam fazendo na web. “É preciso manter uma vigilância constante. Há uma crise de limites, é óbvio. Um aluno que cria uma página contra um professor se sente poderoso e acima de qualquer punição. As escolas também precisam discutir o papel das novas tecnologias e de como o seu uso inadequado pode causar danos sérios”, completa ele."

Extraído de Opinião e Notícia (
aqui), em 20/04/2009.

"Quando a escola vira um inferno

Por Patrícia Costa

A escola é um lugar seguro e saudável onde colocamos nossas crianças para estudar, crescer e se desenvolver como cidadãs. Na teoria. Porque, na prática, a história é bem diferente…

Uma pesquisa divulgada pela organização não-governamental Internacional Plan, que atua em 66 países em defesa dos direitos da infância, apontou que 70% dos 12 mil estudantes brasileiros disseram ter sido vítimas de violência escolar. Outros 84% desse total apontaram suas escolas como violentas.

E esse não é um fenômeno nacional. A pesquisa mostra que mais de um milhão de crianças em todo o mundo sofrem algum tipo de violência dentro da escola, desde castigos corporais até o bullying, um fenômeno caracterizado por atos intencionais de violência física e psicológica cometidos de forma frequente e repetida por um ou mais estudantes contra um outro, e que causa dor e humilhação a quem sofre.

Brincadeira violenta

“O bullying sempre existiu, não é um comportamento novo. Mas, nesta crise de valores em que vivemos, diminuiu o respeito pelo outro. Existe o bullying em todos os ambientes, não apenas na escola”, afirma Patrícia Lins e Silva, educadora que estuda o tema há vários anos.

Para ela, a família tem uma enorme responsabilidade pelos comportamentos dos filhos: “Faz parte da educação ensinar os filhos a serem solidários, a respeitarem o outro. O bullying não é ‘brincadeira de criança’. É uma atitude arrogante que pode permanecer por toda a vida”.

As consequências são graves, não só para as vítimas como para quem pratica o bullying. Segundo o estudo da International Plan, quem sofre os ataques perde o interesse pelo estudo e teme ir para a escola. Essas vítimas podem ter cinco vezes mais chances de sofrer de depressão e, em casos mais graves, correm mais risco de usar drogas e até de se matarem.

Já quem pratica o bullying geralmente é um líder na turma que gosta de colocar apelidos e humilhar os mais fracos. Ele também deve receber atenção psicológica pois, no futuro, pode manter esse comportamento intimidador e se tornar um praticante de assédio moral e pode até mesmo usar a violência e adotar ações criminosas para conseguir o que quer.

Conhecendo o problema

Patrícia Lins e Silva alerta que, dentro do ambiente escolar, todos os alunos de uma turma devem ser responsáveis pelos colegas. A escola deve criar essa idéia de respeito pela coletividade: “O grupo deve proteger o agredido e ajudar o agressor a compreender que o convívio exige respeito. Isso requer um trabalho quase diário de reflexão que deve ser orientado e estimulado pelos adultos responsáveis pela turma”.

Porém, muitas vezes é difícil identificar o bullying entre as brincadeiras inerentes à idade das crianças. Até porque geralmente as vítimas não revelam o problema. As escolas também costumam fingir que o bullying não existe — a ponto de a Justiça intervir, como ocorreu em Ceilância, no Distrito Federal. O Tribunal de Justiça determinou que uma escola particular pagasse R$ 3 mil de indenização à família de um ex-aluno de sete anos. Motivo? A escola não o protegeu das agressões que sofria constantemente dentro do ambiente escolar.

Por isso, diversos governos estão começando a tomar providências para enfrentar o bullying e outras formas de violência escolar. No Paraná, em Pernambuco e na Paraíba, por exemplo, governos e a Justiça promovem encontros, discussões e palestras, com elaboração de material educativo para ser distribuído nas escolas. O governo do estado de São Paulo também acaba de lançar uma cartilha sobre o bullying, que foi entregue em todas as suas 5.300 unidades escolares e nas 91 Diretorias Regionais de Ensino. A Secretaria de Educação quer ainda capacitar professores e coordenadores para atuarem na prevenção ao problema. No município do Rio de Janeiro, a Abrapia – Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência – foi uma das primeiras entidades a estudar o bullying nas escolas e implantou, a partir de 2003, um programa para reduzir a agressividade entre os alunos.

Já o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), da Fiocruz, está preparando um vídeo que servirá para levantar discussões sobre o bullying. Rosinalva Souza, pesquisadora-assistente do projeto, explica que o vídeo “Rompendo o Silêncio” não pretende dizer o que é certo e errado: “É uma forma de oferecer informação, para que educadores, pais, responsáveis, especialistas e os próprios adolescentes possam debater sobre o bullying nas escolas”. A opção pelo vídeo não foi gratuita: “A linguagem audiovisual oferece um melhor entendimento e tem um grande poder de condensar a informação que chega mais rapidamente ao jovem. Afinal, vivemos numa sociedade imagética”, explica a pesquisadora. A previsão é de que o material, que será oferecido primeiro às escolas públicas do Rio de Janeiro, esteja pronto até o final do ano.

O exemplo é o melhor

Para a educadora Patrícia Lins e Silva, todos os esforços que visem uma melhor qualidade da educação oferecida hoje são bem-vindos. No entanto, ela destaca que esse é um dever de todos. “Mudar esse quadro de violência escolar implica mobilizar todo o país numa ação vigorosa e duradoura, para que as próximas gerações tenham uma boa formação escolar. A violência dentro da escola é inadmissível”.

Por vivermos num mundo violento, acabamos repetindo um comportamento agressivo. Chefes descontam em subordinados, pais descontam em filhos, crianças descontam em amigos, e está formado o círculo pernicioso da violência. “Não podemos deixar de nos indignar. A escola e a família devem agir contra qualquer atitude que humilhe, machuque ou rejeite uma pessoa”. Só assim, segundo ela, poderemos acreditar num futuro melhor para todas as crianças brasileiras."

Extraído de Opinião e Notícia (aqui), em 07/04/2009.


"Reflexões sobre o bullying

"[...] Por não existir uma palavra na língua portuguesa capaz de expressar todas as situações de bullying possíveis, o quadro, a seguir, relaciona algumas ações que podem estar presentes: colocar apelidos; ofender; zoar; gozar; encarnar; sacanear; humilhar; discriminar; excluir; isolar; ignorar; intimidar; perseguir; assediar; aterrorizar; amedrontar; tiranizar; dominar; agredir; bater; chutar; empurrar; ferir; roubar; quebrar pertences.

E o bullying envolve muita gente?

A pesquisa mais extensa sobre bullying , realizada na Grã-Bretanha, registra que 37% dos alunos do primeiro grau e 10% do segundo grau admitem ter sofrido bullying, pelo menos, uma vez por semana.

O levantamento realizado pela ABRAPIA, em 2002, envolvendo 5875 estudantes de 5a a 8a séries, de onze escolas localizadas no município do Rio de Janeiro, revelou que 40,5% desses alunos admitiram ter estado diretamente envolvidos em atos de bullying, naquele ano, sendo 16,9% alvos, 10,9% alvos/autores e 12,7% autores de bullying.

Os meninos, com uma freqüência muito maior, estão mais envolvidos com o bullying, tanto como autores quanto como alvos. Já entre as meninas, embora com menor frequência, o bulliyng também ocorre e se caracteriza, principalmente, como prática de exclusão ou difamação.

Quais são as consequências do Bullying sobre o ambiente escolar?

Quando não há intervenções efetivas contra o bullying, o ambiente escolar torna-se totalmente contaminado. Todas as crianças, sem exceção, são afetadas negativamente, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo. Alguns alunos, que testemunham as situações de bullying, quando percebem que o comportamento agressivo não trás nenhuma conseqüência a quem o pratica, poderão achar por bem adotá-lo.

Alguns dos casos citados na imprensa, como o ocorrido na cidade de Taiúva, interior de São Paulo, no início de 2003, nos quais um ou mais alunos entraram armados na escola, atirando contra quem estivesse a sua frente, retratavam reações de crianças vítimas de bullying . Merecem destaque algumas reflexões sobre isso:

_ depois de muito sofrerem, esses alunos utilizaram a arma como instrumento de "superação” do poder que os subjugava.

_ seus alvos, em praticamente todos os casos, não eram os alunos que os agrediam ou intimidavam. Quando resolveram reagir, o fizeram contra todos da escola, pois todos teriam se omitido e ignorado seus sentimentos e sofrimento.

As medidas adotadas pela escola para o controle do bullying, se bem aplicadas e envolvendo toda a comunidade escolar, contribuirão positivamente para a formação de uma cultura de não violência na sociedade.

Quais são as consequências possíveis para os alvos?

As crianças que sofrem bullying, dependendo de suas características individuais e de suas relações com os meios em que vivem, em especial as famílias, poderão não superar, parcial ou totalmente, os traumas sofridos na escola. Poderão crescer com sentimentos negativos, especialmente com baixa auto-estima, tornando-se adultos com sérios problemas de relacionamento. Poderão assumir, também, um comportamento agressivo. Mais tarde poderão vir a sofrer ou a praticar o bullying no trabalho (Workplace bullying). Em casos extremos, alguns deles poderão tentar ou a cometer suicídio.

E para os autores?


Aqueles que praticam bullying contra seus colega poderão levar para a vida adulta o mesmo comportamento anti-social, adotando atitudes agressivas no seio familiar (violência doméstica) ou no ambiente de trabalho.


Estudos realizados em diversos países já sinalizam para a possibilidade de que autores de bullying na época da escola venham a se envolver, mais tarde, em atos de delinquência ou criminosos.

E quanto às testemunhas?

As testemunhas também se veem afetadas por esse ambiente de tensão, tornando-se inseguras e temerosas de que possam vir a se tornar as próximas vítimas."

Extraído de: ABRAPIA (
aqui)

Proposta de redação

O termo bully, da língua inglesa, significa "intimidar, ameaçar". Já bullying, expressão muito empregada atualmente, quer dizer "intimidando, ameaçando". No cotidiano _ não só escolar _, grande parte das crianças e jovens do mundo inteiro estão em frequente contato com desenhos, filmes, programas e jogos que se ancoram na violência como meio de entretenimento. Apesar da contradição violência/entretenimento, muitos delas/deles acabam reproduzindo o que veem e praticando o bullying. Com base nos textos acima e em outras informações pertinentes, posicionem-se, em um texto dissertativo-argumentativo (20 a 35 linhas), sobre a prática do bullying no ambiente escolar brasileiro.

Prazo de entrega: M1 e M2: 04/03/10; 2º Médio: 03/03/2010; 3º Médio: 08/03/10. Ao contrário do que expus em aula, vamos discutir os textos acima e elaborar um roteiro/plano de redação. Vocês deverão, portanto ler, identificar as principais informações dos textos, refletir sobre o seu posicionamento acerca da proposta e anotar, em forma de tópicos, suas observações. A discussão em sala de aula, entendo, confrontando suas ideias com as dos colegas, torna essa proposta mais enriquecedora.

Prazo para a leitura e as anotações: M1 e M2: 25/02/10; 2º Médio: 24/02/10; Médio: 01/03/10.

Bjs e um excelente final de semana. Não se esqueçam: quem não fez a atividade (redação) proposta da aula passada deve fazê-la e entregar na próxima semana!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Para que serve o amor? (A quoi ça sert l'amour?)

(Vídeo: Chanson de Edith Piaf, que canta com Théo Sarapo)

"Bravo, France!

Por Teresinha Brandão

Em 2009, comemorou-se o Ano da França no Brasil, com a realização de eventos abrangendo de Norte a Sul o solo brasileiro, de 21 de abril a 15 de novembro. Foi um ano especial para ambos os países.

Paris estava em festa. Nada mais justo. A Torre Eiffel também foi agraciada com uma notável homenagem pelos pelos seus 120 anos de criação. A França celebrou em 14 de Julho o Dia Da Bastilha. Houve uma grande parada militar em Paris. Os Champs Elysées foram fechados, e o presidente Nicolas Sarkozy desfilou em carro aberto. Posteriormente, outras autoridades francesas juntaram-se a ele para comemorarem os duzentos anos da Queda da Bastilha, que aboliu o regime monárquico no País.

2009 foi um ano repleto de atividades em mais de 80 cidades em quase todos os Estados brasileiros. O Ano da França no Brasil chegou ao fim com um saldo de 560 projetos realizados desde 21 de abril, envolvendo cerca de 800 instituições francesas e brasileiras e mostrando uma França moderna e multicultural. Ganhamos todos: brasileiros e franceses! É sempre bom lembrar uns dos maiores _ senão o maior _ ícone da música francesa: Edith Piaf!"

O vídeo de animação me pareceu bem humorado. Divirtam-se!!!! Bjs, e uma excelente quinta-feira! Tê!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A liberdade, por Clarice Lispector

Imagem: Zena Holloway (aqui)

"- Ela é tão livre que um dia será presa.
- Presa por quê?
- Por excesso de liberdade.
- Mas essa liberdade é inocente?
- É. Até mesmo ingênua.
- Então por que a prisão?
- Porque a liberdade ofende."

(Clarice Lispector)
Para encerrarem o dia muito bem! Bjs, Tê!

Comentários sobre o texto de Daiane Fuhrmann (1º, 2º e 3º anos do Médio)

Imagem (aqui)
"Comentários sobre o texto de Daine Fuhrmann
Por Teresinha Brandão
Neste post comentarei sobre A Amazônia em perigo, redigido pela minha ex-aluna e agora amiga Daiane Fuhrmann. Portanto, sugiro a releitura desse texto (cliquem aqui), destacadamente aos alunos que necessitam de informações sobre o gênero texto dissertativo-argumentativo.

A maneira de se apresentar o tema a ser desenvolvido em um texto, ressaltando sua importância, é, muitas vezes, decisiva para atrair e estimular o interlocutor a lê-lo até o final. Daiane, acadêmica de Medicina na UFPEL, e, na época da escritura desse texto, vestibulanda, já no início de sua redação delimita o tema (a possibilidade de internacionalização da Amazônia), destacando entre aspas o verbo proteger. Desse modo, critica, ou melhor ainda, ironiza a posição de alguns países considerados mais desenvolvidos ao relacionar tal verbo ao bem-estar da humanidade. Em síntese: um assunto que diz respeito aos povos de todas as nações e ao futuro da humanidade.

Ela defende a opinião segundo a qual o governo brasileiro deve investir seriamente na floresta, impedindo, assim, sua internacionalização. Sua tese é explicitada no segundo parágrafo, quando afirma que a Amazônia "já vem sendo internacionalizada de forma lenta e gradual", relativizando o questionamento expresso na proposta de redação.

A fim de comprovar que esse é um processo gradativo, recorreu ao emprego do verbo no gerúndio e ao argumento de exemplificação, citando casos nos quais o uso de substâncias encontradas na região acabam sendo patenteadas por outros países, não se permitindo aos brasileiros delas usufruir como lhes seria de direito. Lança mão do argumento de autoridade por meio da citação dos resultados da Veja, que revelam ser a floresta extremamante rica.

Adverte, no quarto parágrafo, para a causa principal dessa polêmica: o interesse econômico dos países ricos.

Apesar de defender a não-internacionalização da floresta, reconhece o descaso e as dificuldades do governo brasileiro em protegê-la. A ressalva é manifesta no quinto parágrafo, no qual lembra o interlocutor de que algumas medidas, no entanto, estão sendo tomadas com o intuito de a área ser melhor preservada.

No final do texto, cita um exemplo concreto, de interesse econômico e político, tecendo uma analogia entre tal interesse e a intervenção dos EUA no Iraque durante o governo de G. Bush. Aliás, crítica que, dependendo do conhecimento de mundo do interlocutor, dispensa comentários.

Quanto à interlocução, não se dirigiu a um interlocutor específico; ao contrário, procurou usar marcas linguísticas de indeterminação para desencadear um efeito de sentido de impessoalidade.

Por fim, destaco o emprego dos elementos de coesão, que permitiram uma boa transição entre os períodos e entre os parágrafos. Há, também, coerência argumentativa, unidade temática _ não se afastou em momento algum do tema _, não se verificando contradições nem prolixidade (repetição de ideias).

Daiane, em seu texto, selecionou argumentos voltados a convencer o leitor acerca da tese fundamentada, e, da maneira como o foi, esta merece respeito e credibilidade."

Quanto à imagem, para defendermos a não-internacionalização da floresta, que tal a elegermos "Mascote da Amazônia"...? Simpática, não? Rsrsr! Mas, se vocês forem a favor da internacionalização, tudo bem...!!! Deixem o posicionamento claro a respeito dessa possibilidade ou não, redigindo um texto dissertativo-argumentativo de, no mínimo, 20 linhas, e, no máximo, 35. Além das informações e argumentos utilizados por Daiane e Cristovam Buarque, vocês poderão lançar mão de outros que julgarem pertinentes ao tema. Se tiverem dúvidas, explicitem-nas nos "comentários" ou escreva ao e-mail de contato do blogue, ou ainda, procurem-me na escola, ok? Bjs! Tê!
Prazo de entrega: 2º ano (24/02); 3º ano (27/02)

Comentários sobre o texto de Cristovam Buarque (alunos do 1º, 2º e 3º Médio)

Imagem (aqui)
"O processo de argumentação
Por Teresinha Brandão
A argumentação é própria da linguagem, podendo se fazer presente no nosso dia-a-dia, incluindo desde uma conversa informal até um sermão em forma de oratória, por exemplo. Há, portanto, uma variedade de gêneros do discurso que dela se utilizam e de modo bastante explícito: cartas de leitores em jornais e/ou revistas; comentários em sites e/ou blogues; manifestos; debates; conferências; etc. Esses gêneros assim se caracterizam: o locutor defende uma tese, selecionando argumentos consistentes, levando em conta os processos do raciocínio lógico bem como o perfil do interlocutor (que pode ser uma pessoa ou um conjunto delas), direcionando suas opiniões para uma conclusão em conformidade com a tese defendida, e oferecendo ao interlocutor boas razões para aderir a ela.

No texto de Cristovam buarque (aqui), uma conferência seguida de um debate, a pergunta feita pelo jovem norte-americano _ “O jovem introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro” _ já expressa um posicionamento a respeito da internacionalização da Amazônia. Como a argumentação pressupõe o confronto de posições, podemos sintetizá-la da seguinte forma:

Não é “X” MAS é "Y"

Tese a ser contestada MAS Tese a ser defendida
Posição 1 MAS Posição 2

Em outros termos: “não quero a resposta de um brasileiro (posição 1), mas a de um humanista (posição 2). Ao “dividir” sua pergunta em dois blocos_ “brasileiro” e “humanista” _, o interlocutor já direciona sua pergunta tentando descartar a possibilidade de Cristovam posicionar-se a contra a internacionalização da floresta. Porém, não é isso que acontece...

Aparentemente, Cristovam concorda com seu debatedor ao afirmar “De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia”. No entanto, preocupa-se mais em explicar o que entende por “humanista”, concepção diferente da sustentada pelo jovem, do que em responder diretamente à pergunta. Para tanto, estrutura sua resposta ancorando-se na tese de que pode “Como humanista [...] imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade". Ao declará-la, lança mão do argumento de reciprocidade. Nesse tipo de argumento, parte-se do pressuposto de que “A” = “B”, portanto, o que vale para “A” é válido igualmente para “B”.

Assim:

Se a Amazônia deve ser internacionalizada, devem-se internacionalizar: as reservas mundiais de petróleo; o capital financeiro dos países ricos; os postos de emprego; os grandes museus do mundo; o patrimônio cultural do mundo; as fronteiras internacionais; as cidades; os arsenais bélicos nucleares; a dívida dos países mais pobres; as crianças pobres.

Ora, ao servir-se desse tipo de argumento, Cristovam acaba por “desfazer” a divisão entre humanista/brasileiro proposta pelo jovem. Ainda, o conector "se", ao invés de sugerir ou propor algo, acaba por impor, já que as condições apresentadas por C. Buarque não são, logicamente, passíveis de serem concretizadas no contexto atual.

Em relação aos gêneros argumentativos, podemos assim os definir: são aqueles em que o locutor defende uma tese, fundamentando-a com argumentos consistentes, selecionados por meio do raciocínio lógico, direcionando suas opiniões para uma conclusão em conformidade com essa tese, e oferecendo ao interlocutor _ explícito ou não _ boas razões para aderir a ela."
Voltarei a comentar sobre argumentação na análise do texto A Amazônia em perigo, de Daiane Fuhrmann. By, by!!!! Bj, Tê!

Exemplo de texto dissertativo-argumentativo (aos alunos do 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio)

Imagem: Picassa: Flor da Amazônia (aqui)

" A Amazônia em perigo

A internacionalização da Amazônia ganha destaque nas redes de televisão, nos jornais, sites, nas universidades e escolas norte-americanas. O interesse em "proteger" essa área, objetivando garantir o bem-estar da humanidade, conta com o apoio de algumas nações mais ricas, que se consideram superiores para desrespeitar os direitos de outros povos.

De certo modo, a Amazônia, há algum tempo, vem sendo internacionalizada de forma lenta e gradual. Vale dizer: embora o povo brasileiro tenha em sua floresta plantas e sementes as quais servem para a fabricação de cosméticos e outros produtos caríssimos da indústria farmacêutica, ele não pode fazer uso deles com fins lucrativos pelo fato de já terem sido patenteados pelas nações mais desenvolvidas tecnologicamente.

O Brasil poderia extrair, de modo a não destruir a região, várias riquezas desse solo. De acordo com recente pesquisa divulgada pela Veja, na Amazônia existe, além das plantas, cujo uso medicinal é potencialmente significativo, uma grande reserva de água doce. Há também petróleo e diversos recursos minerais.

Assim, alguns países mais ricos, percebendo o grande potencial dessa área, insistem na hipótese de torná-la patrimônio do mundo. Percebe-se, na verdade, um interesse econômico na floresta pois, além de outras riquezas, a reserva de água doce, a maior do mundo, será suficiente para gerar, em um futuro próximo, muitos lucros uma vez que, nos últimos anos, a escassez de água aumentou e a tendência é aumentar ainda mais.

Ademais, o pretexto para internacionalizar a região sustenta-se no fato de o governo brasileiro não proteger de forma devida um patrimônio de tamanha grandeza. Com efeito, a falta de fiscalização por parte dos órgãos responsáveis está permitindo a atuação ilegal de madeireiros e produtores rurais. Soma-se a isso não haver suficientes incentivos na área tecnológica e científica, impossibilitando os pesquisadores descobrirem mais rapidamente o uso eficaz de certas plantas.

Entretanto, o atual presidente da República e sua equipe de governo estão começando a centrar sua atenção na Amazônia visando preservá-la. É válido lembrar a realização de constantes mapeamentos aéreos com a intenção de focalizar queimadas e áreas de desmatamentos. Além disso, os empréstimos aos agricultores são liberados apenas se estes apresentarem um projeto de preservação ambiental.

A Amazônia é uma região de valor imensurável e, devido a isso, desperta a cobiça de outras nações. Desse modo, caberá aos governantes brasileiros investirem no local, com o intuito de não permitir sua dominação. Afinal, os EUA deixaram evidente no conflito com o Iraque e na invasão ao Afeganistão a ideia de que, para garantirem seus interesses, são capazes de desrespeitar os direitos dos povos mais frágeis."

Por Daiane de Azevedo Fuhrmann, em 2003.

Daiane foi minha aluna e é uma grande amiga ainda hoje. Cursa Medicina na UFPEL e adora o que estuda. Sempre que pode, participa de estágios, congressos, seminários em diversificadas áreas da saúde.

Vou retomar esse texto com os alunos do 2º ano e, com os do 3º, o discitiremos na próxima segunda-feira. Posteriormente comentarei sobre este texto. Bjs, e bom final de semana!!!! Tê!

Publicado originalmente em Tear de Sentidos (aqui).