BLOGUE DA ESCOLA SANTA MÔNICA _ PELOTAS/RS

"Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra.

E te pergunta, sem interesse pela resposta.


Pobre ou terrível, que lhes deves:

'Trouxeste a chave?' "

(Carlos Drummond de Andrade. Procura da poesia)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Palavras inglesas "safadas" I, por Rubens Amador

Imagem: Sobre a coisa dita. Em Frases ilustradas (aqui), por Ceó Pontual.

"O inglês é um idioma que tem um sem-número de vocábulos quase homógrafos de palavras portuguesas. Mas sob a aparente simplicidade de certos vocábulos, escondem-se dificuldades ímpares, levando o tradutor açodado a cometer despautérios.

Vejamos: jamais traduzir fabric por fábrica (factory). Tecido é fabric. Library é biblioteca; livraria, (bookstore). Lecture é conferência, e não leitura (reading). Presently significa dentro em pouco, daqui a pouco, e não presentemente (at present). Liquor é qualquer bebida alcoólica, e não licor (liqueur). To intimate quer dizer comunicar, e não intimar (to summon). Expert é perito, esperto é (cunning). Actual é real, verdadeiro, e não atual (present). Actually é realmente; atualmente, at present. To resume, é reencetar; resumir, traduz-se por (to sum up). Parents são pais; parentes é (relatives). Large quer dizer grande, não largo (broad). Exemplo: broadway, rua larga. Scholar é erudito. Escolar é schoolboy. Editor é redator, e não editor (publisher). To push significa empurrar. Puxar é (to pull). Socialite é pessoa da alta sociedade, e não socialista (socialist). Patron é patrono. Patrão é (boss). Exquisite é requintado, belo; nunca esquisito (queer ou odd). Armory é sala de armas, e não armário (cupboard). Balcony significa sacada, e não balcão (counter). To fret é irritar, e não fretar (to charter).

Cuidado com esta: to procure é o exercício do lenocínio, e não procurar (to look for). Procurer significa caften, proxeneta, e não procurador, que é attorney. Selvage traduz-se por ourela, orla, e não selvagem (savage). To traduce é caluniar, denegrir, mas não traduzir (to translate). Gripe é ato de segurar; gripe é (flu). Insulation é isolação, material isolante; e nunca insolação (sunstroke). Luxury é luxo, conforto, nunca luxúria (lewdness). Seal é sinete, chancela, e também foca, e não selo (stamp). Spelunker é um arqueólogo. Espelunca é (joit). Cigar é charuto; cigarro, cigarrete. To render é dar em troca, e não render (surrender). To realize é perceber, dar-se conta. Realizar é to hold. Prejudice é preconceito; não prejuízo (loss). Polished apple não é maçã polida, e, sim, "puxa-saco". Hector não é nome de pessoa, e, sim, valentão, fanfarrão. Realty é bem de raiz, e não realidade, que é: really. Genial é cordial, jovial; nunca genial, que é genious. Notice traduz-se por aviso, e não notícia (news). Injuries é ferimentos, e não injúria, que é slander. To ignero é desdenhar, não tomar conhecimento; e não ignorar, que é (not to know). Ingenuous significa habilidoso, inventivo, e não ingênuo, que é naive. To disagree é discordar, e não desagradar, que é to displase. To devolve é transmitir por direito de sucessão, e nunca devolver, que é to give back.

Ofereço este trabalho ao prezado amigo professor Gamio, um dos melhores mestres do idioma inglês de nossa cidade, a quem já, há longo tempo, havia anunciado que um dia faria esta seleção de vocábulos homógrafos. Afinal pude cumprir. Mas há ainda uma segunda parte. Parece que isso ajuda a não se incorrer na sentença de Randle Gotgrave: Better no words than words unfitly placed: "Melhor nenhuma palavra do que palavras mal colocadas."

Rubens Amador é pelotense, cronista literário e jornalístico. Produziu, durante vários anos, muitos trabalhos como colaborador na imprensa pelotense. Tem igualmente colaborado com o Alquimia permitindo a publicação de crônicas, contos, e agora, com um texto sobre o idioma inglês. Grata, Sr. Rubens!


Pessoal, é importante vocês saberem diferençar os sentidos das expressões acima para não incorrerem em erros de seu emprego ou de tradução. Estudem, queridos! Bj, profa. Rosângela Vargas!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Por que contar história"s"? (Ensino Médio)



Vimos, em post anterior _ Histórias são camaleões _ que, se uma mesma palavra pode expressar diferentes sentidos dependendo do conjunto de valores, crenças, ideologias de quem e em que circunstâncias (contexto) o emprega, o mesmo pode ocorrer com as histórias _ versões? _ que narramos, ouvimos ou lemos.

No vídeo acima, Chimananda Adichie, em seu discurso no TED, alerta-nos para "o perigo de uma história única. [...]". E acrescenta:

"Então, é assim que se cria uma única história: mostre um povo como uma coisa, como somente uma coisa, repetidamente, e será o que eles se tornarão. [...]

A única história cria estereótipos. E o problema com estereótipos não é que eles sejam mentira, mas que eles sejam incompletos. Eles fazem um história tornar-se a única história. [...]

A consequência de uma única história é essa: ela rouba das pessoas sua dignidade. Faz o reconhecimento de nossa humanidade compartilhada difícil. Enfatiza como nós somos diferentes ao invés de como somos semelhantes. [...]"

Mas finaliza num tom otimista:

"Histórias tem sido usadas para expropriar e tornar maligno. Mas histórias podem também ser usadas para capacitar e humanizar. Histórias podem destruir a dignidade de um povo, mas histórias também podem reparar essa dignidade perdida. [...]"

"O TED é uma conferência anual que reúne os mais importantes pensadores do mundo que são desafiados a fazerem a melhor apresentação de suas vidas em 18 minutos. No TED.com eles disponibilizam, de graça, as melhores apresentações e performances sobre vários temas, que vão de tecnologia e entretenimento a design, negócios, ciência e cultura.

Personalidades como o político Al Gore, a escritora Isabel Allende e o pop star Bono Vox já passaram por lá, mas graças a dica da professora Susan Blum, uma velha amiga da Leia Brasil, um nome em especial nos chamou a atenção. Estamos falando da participação da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. (Transcrito de Leia Brasil:
aqui). Bj, Tê!

domingo, 25 de abril de 2010

Remontando aos anos hippies...!

Imagem: Asterisco. Em Frases ilustradas (aqui), por Céo Pontual.

Bem, desejamos a vocês um bom início de semana. De preferência, com um sorriso nos lábios! Bj, Tê!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Ler deveria ser proibido! (Ensino Médio)

Hoje se comemora o Dia Internacional do Livro. O vídeo é baseado no texto de Guiomar de Grammon. Não se esqueçam: não leiam!!!! Rsrsr! Bj, Tê!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Trailers e dogs

Por Francisco Antônio Vidal

Na década de 1970, as velhas carrocinhas de cachorro-quente deram origem à febre das lanchonetes em trailers. Enquanto os carrinhos de pipocas, sorvetes, churrasquinhos e xarope gelado ficaram como parentes pobres, os lanches subiram de nível, em modernidade, tamanho e lucros. Passaram a habitar casas-rodantes (que realmente rodavam), rebocadas por um carro qualquer.

Nos Estados Unidos, essas casas chamam-se trailers (do verbo e substantivo trail, que significa “trilha”, ambas palavras com raiz no latim). Em inglês, um “trilhador” é um carro sem tração, puxado por outro. Estranho? O primeiro Trailer teria sido (provavelmente) o nome próprio de um veículo desse tipo, batizado como Caminhante ou Seguidor. Hoje, no país do Tio Sam, qualquer reboque com duas ou mais rodas – e até mesmo uma casa-móvel (de tração própria) – é um trailer.

Pela influência americana, um trêiler também é um curta-metragem que publicita filmes maiores. Na origem dos film trailers, houve uma incrível inversão de sentidos: os primeiros anúncios de cinema com antecipação de cenas eram mostrados no final dos filmes (acoplados à projeção), mas como o público se retirava após a palavra “Fim” (The End) – abolida por Hollywood após os anos 70 – eles passaram a ser postos no início das sessões (leia na
Wikipedia). O nome ficou, e hoje os trailers são o 3º tipo de vídeo mais visto na internet.

Voltando aos trêileres de cachorro-quente, os microempresários ambulantes gozaram de popularidade e um dia foram levados pelos tempos, como qualquer reboque. Em Pelotas, ainda existem o Circulu’s, o Sanata, o Amarelinho, mas, para sobreviver, perderam a mobilidade: ficaram cimentados no espaço público, transformados em residência fixa de sanduíches. Tinham nomes como Cachorrão, Big Dog, Frango Dog, Mundo Cão, alusivos a cachorros que nunca eram vistos (nem comidos, espero).

Os embutidos de carne foram trazidos à América no século XIX por alemães. Seus complicados nomes não pegaram: Weisswurst (salsicha branca), Frankfurter Würstchen (salsichinha de Frankfurt), Wiener Würstchen (salsichinha de Viena) e mais uma centena de tipos. No Brasil dizemos “salsicha”, palavra tirada do italiano salsiccia, por sua vez do latim, significando exatamente o que parece: comida com sal, temperada (a referência foi ao sabor salgado desse alimento).

Onde entraram os cachorros? Atribui-se a um cartunista americano a expressão hot dog em referência a um pão com salsicha, mas os pesquisadores dizem que o povo já relacionava esse prato com a espécie canina (veja na
Wikipedia). A alusão pode ter sido ao misterioso conteúdo (carne de cachorro) ou à forma da salsicha (alongada como um dachshund, em alemão cão-texugo) ou aos dois motivos. O caso é que o nome em inglês se difundiu pelo mundo. No Brasil traduzimos e abreviamos para “cachorro”.

Na América do Sul, os tais sanduíches precisavam de um nome à moda hispânica. Obviamente, esse nome iria confundir-se com a salsicha, seu recheio. No Chile, vienesa ou “salsicha vienense” é o embutido e o sanduíche feito com ele. Busquei em três etimologistas argentinos, mas não convencem sobre o porquê de “pancho” se referir ao mesmo hot dog. Especulam que seria uma mistura de pan (pão) e chorizo ou salchicha. No entanto, posso dar como certo que a criatividade popular adaptou o nome “Frankfurter” para o apelido de Francisco (Pancho), assim como nos Estados Unidos um dos apelidos da salsicha é frank.

Francisco Antônio Vidal, 49, é psicólogo formado no Chile, mestre em Saúde e Comportamento (UCPel, 2010), editor do blogue Pelotas, Capital Cultural (aqui) e etimologista autodidata. É colaborador do Alquimia com a seção Palavras sobre Palavras. Com este texto, acabou por colaborar também com Histórias de Pelotas. Desejo-lhes uma excelente semana!

domingo, 18 de abril de 2010

Os livros

No dia 23 deste mês comemora-se o Dia do Livro. Antecipando a data, deliciem-se com esse maravilhoso pps. Desejo-lhes um excelente domingo! Bj, Tê!

OBS: Para verem ampliado, cliquem no primeiro ícone na barra debaixo ("Menu") do pps e depois cliquem em "View fullscreen". Para retornar ao estado normal de apresentação, apertem a tecla "F11".

sábado, 17 de abril de 2010

Histórias são camaleões... (Ensino Médio)


Vimos, nos dois posts imediatamente posteriores a este, que uma mesma palavra pode expressar diferentes sentidos dependendo do conjunto de valores, crenças, ideologias de quem e em que circunstâncias (contexto) o emprega. Igualmente, podemos afirmar em relação à narrativa de um fato. O texto abaixo, recebido via e-mail bem o demonstra.

"Visão dos fatos

Um homem passeia tranquilamente por um parque em Nova Yorque quando, de repente, vê um cachorro raivoso atacar uma aterrorizada menininha de sete anos. Os curiosos olham de longe mas, mortos de medo, não fazem nada.

O homem não titubeia e se lança sobre o cachorro, toma-lhe a garganta e o mata. Um policial que viu o ocorrido aproxima-se, maravilhado, e diz-lhe:

— Senhor, Vossa Senhoria é um herói. Amanhã todos poderão ler na primeira página dos jornais: "Um valente nova-iorquino salva a vida de uma menininha".

O homem responde:

— Obrigado, mas eu não sou de Nova Iorque.

— Bem — diz o policial — Então, dirão: "Um valente norte-americano salva a vida de uma menininha".

— Mas é que eu não sou norte-americano — insiste o homem.

— Bem, isso é o de menos ... E de onde o sr. é?

— Sou árabe — responde o homem.

No dia seguinte a imprensa norte-americana publica: 'Terrorista árabe massacra de maneira selvagem um cachorro norte-americano, de raça pura, em plena luz do dia, em frente de uma menininha de sete anos, que chorava aterrorizada.' "

A história narrada trata de personagens estadunidenses e árabes, mas poderia ocorrer evidentemente com outras de nacionalidades diferentes dessas. Ela nos remete às considerações iniciais do post: se uma mesma palavra pode expressar diferentes sentidos dependendo do conjunto de valores, crenças, ideologias de quem e em que circunstâncias (contexto) o emprega, o mesmo pode ocorrer com as histórias _ versões? _ que narramos, ouvimos ou lemos.
A propósito: quanto à imagem acima, pode ser que alguém sustente ser uma maçã, outro, uma borboleta, outro ainda, uma obra-de-arte, e assim sucessivamente. É... histórias também são camaleões...
Um excelente sábado!
Bj, Tê!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Questão de nomes, por Carlos Heitor Cony (Ensino Médio)

Imagem: prato de codornas com molho vermelho (aqui)


(Sugiro a leitura imediatamente anterior a este post)
"Questão de nomes

Por Carlos Heitor Cony

Não, não se trata de nomes para a sucessão presidencial, é assunto que considero chato e, honestamente, não me preocupa. Falo de nomes, nomes de verdade, que a gente engole como necessários e que sempre são relativos, dependentes de circunstâncias além da semântica.
Dou exemplos: num balé famoso, coreografado por Leonid Massine, com música de Offenbach, há um personagem ridículo que é mencionado como “o brasileiro”. Quando o balé veio ao Brasil, o personagem virou, sem mais nem menos, “o peruano”. Agora, esse peruano comparece num palco americano como “o iraquiano”. Coisas.

Experiência pessoal minha. Certa vez, em Copenhague, fui a um restaurante especializado em comida afrodisíaca. Pratos complicados que levantam defunto, tanto que, ao lado, havia um cabaré para receber a sobra do apetite dos clientes.

Bem, escolhi uma coisa simples, mas que o maître me garantiu como eficaz: codornas “à Mme. Pompadour”. Por sinal, muito gostoso, molho levemente picante, avermelhado e rude, que combinava estupendamente com um vinho pastoso e quase sem perfume. Por causa do molho à Mme. Pompador ou porque sou mesmo depravado, fui dar uma espiada no tal cabaré e lá passei o resto da noite.

Anos depois, vergado ao peso de muitos pecados, fui fazer um retiro espiritual numa casa especializada em Verona, à margem do lago. Piedosos dominicanos davam a logística, incluindo as três refeições principais. Logo na primeira noite fui surpreendido por um prato de codornas com um molho avermelhado e rude. Por Júpiter! Já conhecia aquilo!

Chamei o frade-dispenseiro e perguntei pelo nome da­quele molho. O frade gostou da pergunta, era especialidade do convento. E revirando os olhos, como Dorival Caymmi, informou-me que era o famoso, o inigualável molho 'à Santa Terezinha do Menino Jesus'."

Será a situação acima apresentada relativa a apenas uma "questão de nomes"...?

Para conhecerem quem foi Mme. Pompadour, devido à sua importância na referida crônica, cliquem
aqui.

Palavras são camaleões... (Ensino Médio)

"Palavras: camaleões de sentidos

Por Teresinha Brandão

O vídeo acima já foi acessado no Youtube 10191327 vezes! Produção final apresentada em poucos minutos ao telespectador, seu criador resgatou anos e anos de arte com rostos femininos. Liiiindo!

Inspirei-me nesse vídeo e numa crônica, transcrita no post seguinte, de Carlos Heitor Cony, colunista do jornal Folha de São Paulo, para sustentar a tese de que as palavras são verdadeiros cameleões... Camaleões de sentidos.

Como se sabe, o camaleão, da família de lagartos, é conhecido por sua habilidade em trocar de cor conforme o ambiente, por sua língua rápida e alongada, e por seus olhos, que podem ser movidos independentemente um do outro.

Processo idêntico ocorre na língua: uma mesma palavra pode expressar diferentes sentidos dependendo do conjunto de valores, crenças, ideologias de quem e em que circunstância (contexto) o emprega.

Desse modo, mesmo sem admitir todo e qualquer sentido, as palavras, assim como ocorre com os camaleões, podem mudar de sentido conforme o "ambiente" em que foram produzidas. Dito de outra forma: as palavras podem mudar de sentido de acordo com as posições _ ideológicas _ de quem as emprega. Se nos reportarmos ao texto do post seguinte, de Carlos Cony, publicado na Folha, essa afirmação pode ser observada."

Bj! Boa noite! Tê

Publicado originalmente em Tear de sentidos (aqui).

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Trabalho e lazer, por William Zibetti (Ensino Médio)

Imagem: Chaplin em Tempos modernos

O mercado de trabalho no Brasil é extremamente competitivo, exigindo que a população dedique a maior parte do seu tempo estudando e trabalhando. No entanto, até onde deve existir uma preocupação com isso? Afinal, o lazer mostra-se de extrema importância em nossas vidas pois necessitamos de momentos a fim de descansar física e/ou mentalmente para nossa própria felicidade. Além disso, será que a qualidade das atividades ligadas ao lazer, no Brasil, é boa?
O trabalho estar presente em nossas vidas é bom e necessário, porém, passa a se configurar como problema quando a sua duração diária torna-se excessiva. Esse período deve existir nas mesmas proporções que as de lazer, afinal, uma mente e um corpo cansado não são produtivos ao mercado.
Outro detalhe a ser mencionado refere-se ao fato de que, em tudo a se fazer, cumpre fazê-lo com boa ou ótima qualidade. E no lazer não é diferente. Lazer, para o brasileiro, pode ser tanto ler um bom livro quanto ficar "sem fazer nada". Cabe lembrar ainda que não ocorre só no trabalho esse desenvolver-se intelectual ou fisicamente. No lazer deve acontecer o mesmo.
Em síntese, o trabalho não é prioridade; igualmente com o lazer. Eles devem estar equilibrados em grau de importância e duração em nossas vidas. No futuro, quem não souber dosar essa relação correrá o risco de adoecer ou então tornar-se improdutivo.

Por William Zibetti, aluno do 2º ano Médio.

Interessantes questionamentos, não? Grata, William! Para quem não sabe este texto foi baseado em uma proposta anterior publicada no Alquimia (
aqui). Bj, Tê!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Logos da crise econômica


Bem, chorar diante da crise mundial não adianta muito, não? Então, vamos ao menos dar um sorriso... Quem sabe? Cliquem na imagem para vê-la ampliada.
Desejo-lhes um excelente dia! Bj, Tê!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Admirável mundo novo, por Lucas Pacheco (Ensino Médio)

Imagem: pintura de Tarsila do Amaral
"Dois romances ingleses _ Admirável mundo novo e 1984 _, escritos e publicados durante a metade do Século XX, retratam um futuro condicionamento da sociedade diante de um avanço técnico-científico e suas consequências nas relações sociais. Da mesma forma, no trabalho e no lazer.
Foi também o período do surgimento dos métodos de produção industrial fordista e taylorista, época na qual as relações interpessoais começaram a perder espaço para uma explosão na ciência e na tecnologia, porém, com um forte impacto econômico. Esse é um processo que ainda sofremos e, em grande escala, de modo mais intenso _ apesar de nós, brasileiros, termos sido atingidos depois das grandes potências mundiais.
Uma das mais fáceis hipóteses de se observar se há uma substituição do lazer pelo trabalho é analisarmos os laços familiares. A família constitui um grupo social formado não somente pelos vínculos econômicos e de parentesco, mas também pelos laços afetivos. Ou seja, com um maior distanciamento entre os membros de um grupo familiar, pode-se deduzir que o trabalho está ocupando um espaço significativo. E no Brasil isso é fato.
Outra hipótese para examinarmos esse fato social é o aumento da concorrência por vagas para cursos universitários que podem oferecer uma renda maior ao futuro profissional. O prazer/ lazer perdem em relação ao dinheiro/ trabalho. Da forma já explicada pelo radical alemão Marx, "a economia é o cérebro da sociedade". Ganhamos em um ponto e perdemos em outro.
No futuro, o Brasil dirá qual a escolha certa. Só espero que, nesse "Admirável mundo novo", a data de aniversário da minha esposa não seja menos importante que a do meu chefe."

Por Lucas Langie Pacheco, aluno do 2º Médio.

Bonita reflexão, não? Grata, Lucas! Para quem não sabe este texto foi baseado em uma proposta anterior publicada no Alquimia (aqui). Amanhã postaremos outro texto de um aluno do 2º ano. Bj e um excelente dia! Tê!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Uma Feliz Páscoa em apenas um "clic"!


Desejamos que Cristo ressuscite em nós e na humanidade inocente, frágil e sofrida, um pouco da Sua Luz. E mais: que Ele reanime as nossas melhores capacidades de solidariedade a fim de nos tornarmos instrumentos para a construção de uma vida mais justa e humanitária, com objetivos de reconciliação, harmonia e Paz!

Feliz Páscoa! Clique aqui e tenha uma agradável surpresa! Um bom feriado e até segunda-feira!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Pedro Nariz, por Francisco Dias da Costa Vidal

Imagem: albatroz

"O perfil do homem era o de uma raposa. Olhos e nariz, cobertos parcialmente pelo chapéu, concorriam para justificar o apelido.

O homem era de pouca conversa e de mais agir. Daí que, prestativo, ajudava no puxar das redes. Mas tinha também iniciativas próprias.

Numa delas, capturou, não sabemos como, um albatroz que, entre perdido e talvez até doente, deu com os costados pela praia – coisa rara e, para nós, única na década.

Estamos nos referindo à maior das espécies, a de três metros de envergadura – um aviãozinho, no sentido transversal; a cabeça com quase 2 palmos; o bico: um alicate dos grandes! Envergadura de 1,82 m. Tudo somente comparável ao condor dos Andes!

Pois o Pedro Nariz nos apareceu carregando a ave num carrinho de mão, que era exposta perante os espectadores e logo instada a desenvolver sua tendência primordial: a de voar, supondo poder ganhar a liberdade. Só que, ao julgar-se livre, pouco durava a alegria da ave, que era logo trazida a terra por uma corda presa à pata...

Daí que ele – o suposto proprietário – cobrava pela exibição. Só que pouco durou também a alegria do explorador do negócio: a ave amanheceu morta, o que Pedro atribuiu à inveja dos menos amigos...

Tempos depois, Pedro Nariz encontrou, na praia, enorme e belo garrafão que dera à costa – outra raridade que sua sorte, pelo visto, atraía!

Mas, percebendo que o frasco continha um líquido, tratou de ler uns dizeres que o frasco exibia em etiqueta... empenho inútil.

A linguagem, que era esquisita, levou-o então a investigar o conteúdo com o próprio nariz. Abrindo o frasco, sentiu um forte e desconhecido odor, decidindo-se o “sortudo” a esvaziar o vidro na areia, ficando apenas com o casco e os dizeres.

Não tardou em surgir um entendido, que concluiu tratar-se de um concentrado de perfume francês – um extrato – produto de algum naufrágio ou descuido no transbordo de carga!...

Pedro Nariz tinha derramado na praia uma verdadeira fortuna, que, se não ambicionasse possuir nada mais que o vidro, lhe teria garantido uma regular quantia em dinheiro... que perdeu, por sua ignorância e imediatismo!"

Do livro Vamos ao Hermenegildo?, de Francisco Dias da Costa Vidal.

Imagem: Desenho com a personagem Pedro Nariz

A personagem Pedro Nariz foi comentada pelo prof. Homero, de Santa Vitória, num site onde ele também publica suas próprias crônicas. Para quem desejar conhecer mais sobre Pedro Nariz, clique aqui.

Vamos ao Hermenegildo?


"O psicólogo, professor e cronista de arte Francisco Dias da Costa Vidal publicou aos 72
anos seu primeiro livro, Crônicas de um Roteiro Cultural (Educat, 2001).
Na época, guardava ideias e rascunhos de um diário de infância para outra obra, que seriam memórias das férias familiares na praia.

Neste post, apresento informações sobre Vamos ao Hermenegildo? (UFPEL, 2008) do mesmo autor.

"Em 1936, quando começaram aqueles veraneios, ele tinha seis ou sete anos. O médico da família havia indicado ar de praia e banhos de mar, para curar um início de tuberculose. Na época, não havia bons remédios e se acreditava que o iodo do mar ajudasse.

Na época evocada pelo livro, o acesso por terra era pela beira da praia, em coletivo, desde o Cassino até a Barra do Chuí, trajeto que se fazia em umas quatro ou cinco horas, dependendo do clima e do estado das areias. Quando o mar avançava, o movimento devia suspender-se por uns dias, sob risco de ficar preso entre as dunas e a água do mar.

Essa instabilidade aumentava a emoção e dava à viagem uma característica real de perigosa aventura, sem contar que, com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, pensava-se que a imensa praia gaúcha pudesse sofrer algum desembarque inimigo.

Dez anos depois, o menino já era um adolescente saudável, que nunca parecia ter estado ante o perigo dessa doença. Ante esse fato e o agravamento da Segunda Guerra, a família suspendeu os veraneios em fevereiro de 1945, nunca mais retornando à praia. Ficaram as lembranças daquele tempo, recolhidas nas evocações ao longo das décadas seguintes. Finalmente, elas passaram ao papel, configurando crônicas de memórias.

O texto foi revisado e formatado pelos filhos do autor, e ainda enriquecido com desenhos dele mesmo e 60 fotos daquela época, dando à obra um caráter de documento, de interesse afetivo e histórico para todos os santa-vitorienses e para quem conheceu os personagens do balneário do Hermenegildo nas décadas de 1930 e 1940: o Seu Santos, o Pedro Nariz, o Seu Arturo, a negra Atanásia, o Serafim Pires, o Gabino Cabrera.

O livro foi lançado em Pelotas em dezembro de 2008 pela Editora da UFPel, sendo logo lançado na Casa do Livro do Hermenegildo, com apoio e presença das autoridades municipais de Santa Vitória do Palmar. Em fevereiro de 2009, o autor participou da Feira do Livro no Cassino.

A professora Anita Carrasco escreve a apresentação da obra, com seu conhecimento vivencial da praia do Hermenegildo, apoiado pelos seus estudos de especialização em História e Geografia do Rio Grande do Sul."

Por Francisco Antônio Soto Vidal, editor de Pelotas, Capital Cultural (aqui) e escreve a seção Palavras sobre Palavras aqui no Alquimia.

Como é costume, na seção Biblioteca, indicamos livros adquiridos pela escola. Se forem de escritores pelotenses, melhor ainda! Eu li Vamos ao Hermenegildo? quase de "uma vez só" e adorei!!! Memórias de infância como essas devem ser lembradas! Sugiro a leitura!

Quem desejar adquirir o livro pode comprá-lo nas livrarias Mundial, Vanguarda, da UFPEL, ou Educat, ou da FURG, em Rio Grande. Há um exemplar na biblioteca da escola.

Obrigada, Francisco Antônio, por enviar o texto acima. Grata, Sr. Francisco! No post seguinte, postaremos uma crônica do livro. Desejo a vocês, alunos, uma excelente leitura! Bj, Tê!
Imagens: à esquerda: Praia do Hermenegildo; à direita: capa do livro.